HyperloopTT: no lugar de trilhos, a empresa promete um sistema magnético, que faz as cápsulas flutuarem e alcançarem velocidades que podem chegar a 1.200 quilômetros por hora (Sven Hoppe/picture alliance/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 2 de setembro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 2 de setembro de 2021 às 11h13.
Um projeto de tecnologia que ficou famoso por ser uma das aventuras de Elon Musk pode desembarcar no Rio Grande do Sul nesta quinta-feira. Às 11h, a HyperloopTT, empresa norte-americana desenvolve o hyperloop, tecnologia de transporte ultrarrápido que promete ser o meio de locomoção do futuro, irá anunciar os resultados de um estudo de viabilidade realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Governo do Estado.
A pesquisa irá mostrar se é possível implementar um hyperloop na região Sul do Brasil. A ideia inicial seria ligar Porto Alegre à Serra Gaúcha em menos de 20 minutos, em uma velocidade de mais de 800 quilômetros por hora. Hoje, o trajeto de 135 quilômetros leva 2 horas de carro.
O conceito do hyperloop é muitas vezes atribuído a Elon Musk, CEO da Tesla, que tem uma outra companhia voltada para a ideia, chamada Boring Company (a mesma que vendeu um lança-chamas há alguns anos). A ideia é transportar pessoas ou carros dentro de cápsulas que viajam em um tubo de baixa pressão atmosférica.
No lugar de trilhos, a HyperloopTT promete um sistema magnético, que faz as cápsulas flutuarem e alcançarem velocidades que podem chegar a 1.200 quilômetros por hora, com baixo consumo de energia. O projeto é considerado por alguns uma evolução dos maglevs, os trens de alta velocidade que funcionam com eletromagnetismo, mas, no caso do hyperloop, dentro de tubos e túneis. O estudo de viabilidade no Sul do país é o primeiro do modal em toda a América Latina.
É esperado que, durante o evento, pesquisadores, executivos da companhia e agentes públicos locais expliquem a adoção do modelo, bem como impactos técnicos, financeiros, sociais e ambientais do hyperloop na rota.
Fundada em 2013, a empresa conta com uma equipe global de mais de 800 colaboradores, além de 50 parceiros corporativos e universitários. Até agora, ela é a única responsável pelo primeiro e único sistema de teste em grande escala da tecnologia hyperloop no mundo, em Toulouse, na França.
Outros projetos também estão sendo desenvolvidos nos Emirados Árabes Unidos, na Alemanha e nos Estados Unidos, mas nada saiu efetivamente do papel ainda.
Em entrevista à EXAME em 2020, Dirk Ahlborn, fundador e chairman da companhia, disse que “o Brasil deve figurar na segunda leva de investimentos, prevista para daqui a cinco anos”.
Já na época, a HyperloopTT tentou iniciar conversas com governos estaduais, como São Paulo (onde a companhia tem um escritório) e Belo Horizonte, mas elas não avançaram — em BH quase foi construído um centro de inovação, mas o projeto não seguiu em frente por falta de recursos públicos.
Em estudos anteriores, a empresa afirmou que o sistema é econômico e tecnicamente viável e irá gerar lucro sem exigir subsídios governamentais. Mas a tecnologia é muitas vezes questionada por parecer impossível, cara e até desnecessária para alguns, frente a soluções como os próprios maglev, que já têm velocidades de até 500 quilômetros por hora utilizando magnetismo sem a necessidade de túneis de baixa pressão.
*Atualização: acesse o estudo aqui.
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