Criação da Meta: rede social é o primeiro ensaio da Meta na Web 3.0 (Foto/Reprodução)
Repórter
Publicado em 4 de julho de 2023 às 17h48.
Última atualização em 5 de julho de 2023 às 09h52.
Redes sociais nessa década se tornaram definitivamente canais de conteúdo. Há quem produz e quem consome. Em uma lógica disputada e acirrada por minutos de atenção, e que tenta coletar o máximo de dados possíveis para direcionar publicidade.
Mas o jogo pode começar a mudar com a estreia na quinta-feira, 6, de Threads, plataforma criada pela Meta, empresa dona Instagram.
A rede social, em seus próprios termos, permitirá que as pessoas "se conectem diretamente com seus criadores favoritos e com outros que amam as mesmas coisas - ou que estabeleçam seguidores fiéis para compartilhar suas ideias, opiniões e criatividade com o mundo".
Pode não parecer muito diferente da forma como funcionam Facebook, Twitter e outras, mas existe uma mudança. Threads faz parte dos novos serviços da Web 3.0, e segue a mesma premissa ao redor do blockchain, do bitcoin, no qual a infraestrutura do serviço é gestada de forma descentralizada.
No caso, Threads se integrará ao protocolo de mídia social usado pelo pioneiro app Mastodon, chamado ActivityPub. É quase como se existisse um conselho gestor - mas não de executivos - que toma decisões em grupo sobre o funcionamento da rede social.
A novidade é um completo oposto das direções para as quais vai o Twitter, que deve se tornar algo mais aos gostos de Elon Musk.
Um exemplo de algo que não ocorreria na nova rede é a decisão mais recente do bilionário Elon Musk: na semana passada, o magnata impediu que usuários não registrados pudessem ver tweets e implementou um limites de leitura de 1000 posts por dias.
Essas mudanças levaram a problemas generalizados no fim de semana, com os usuários sendo incapazes de navegar na rede social por horas.
Dado o novo cenário, quem se interessa pela produção de conteúdos, principalmente em textos, pode usar o Threads para garantir uma audiência cativa de seguidores e usar isso para negociar com anunciantes ou com os próprios apoiadores.
Entenda melhor como deve funcionar: a Web 3.0, por origem, oferece aos usuários a propriedade de seus próprios dados, possibilitando que sejam tratados como um bem pessoal.
Assim, os usuários podem ser remunerados pelo trabalho realizado ao postar e curtir nas redes sociais, fornecendo a oportunidade de monetizar a atenção que dão e recebem. Assim como uma obra de arte pode ser um NFT com propriedade rastreável, pagando quem faz parte da cadeia do token, os dados do usuário também podem render pagamentos ao longo de sua tranferência.
Ainda não existam informações exatas sobre como o Threads irá funcionar, mas considere alguns exemplos para pensar a novo dinâmica: plataformas como a Permission, de publicidade da Web 3.0 tokenizada, estão permitindo que marcas se conectem com os consumidores, que por sua vez recebem recompensas em criptomoedas por seus dados e envolvimento.
Outras como o Ocean Protocol, Datacoup e Zedosh também oferecem recompensas financeiras para os usuários em troca de dados demográficos. Com o aumento de tais serviços, os usuários serão capazes de encontrar as ofertas que mais lhes convêm.
Essas mudanças fundamentais na economia da atenção sinalizam a nova fase para a qual caminham criadores e influenciadores.
Com a Web 3.0, criadores de conteúdo poderão receber recompensas financeiras diretamente de seus fãs, sem precisar se associar a marcas ou empresas como TikTok e Instagram. Esta alternativa permite que até mesmo pequenos criadores e criadores de nicho monetizem seu trabalho, resultando em publicidade mais autêntica e, porque não, de alta qualidade e que tem maior credibilidade para os consumidores.
Embora seja cedo para prever exatamente como a Web 3.0 transformará a indústria da publicidade e a economia da atenção, ela representa uma oportunidade promissora para pessoas que valorizam seus dados.
Entretanto, desafios existem, como o número ainda pequeno de plataformas e serviços disponíveis. Threads, nesse caso, se apresenta como uma oportunidade.