chadder (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2014 às 17h20.
Conhecido por ser o fundador da tradicional empresa de software de segurança McAfee, o excêntrico John McAfee está de volta. Mas desta vez, não envolvido em polêmicas: o executivo norte-americano anunciou neste final de semana o lançamento do Chadder, aplicativo para troca de mensagens criptografadas, voltado para os preocupados com privacidade.
Lançado para Android e Windows Phone (incrivelmente, a versão do iOS ficou para daqui algumas semanas), o programa é produzido pela FTC, empresa fundada pelo pioneiro do mercado de antivírus após sua saída da McAfee. O desenvolvimento é feito em conjunto com a Etransfr, companhia relativamente nova, focada na criação de soluções para comunicação segura e muito bem-humorada na hora de apresentar os membros da equipe.
O funcionamento do aplicativo não se difere muito do que é visto no WhatsApp, por exemplo, embora não o sistema não acesse diretamente os contatos da agenda e seja cedo para compará-los. A mensagem é enviada a servidores privados e depois encaminhada ao destinatário. Mas o processo é um pouco mais complexo e, ao contrário do que possa parecer, a criptografia é feita no próprio aparelho, já que o único jeito de garantir a privacidade é fazendo isso antes de mandar a mensagem, afirmaram os responsáveis pelo app a INFO.
Funcionamento e o Scrambls De forma simplificada, o conteúdo é enviado para nosso servidor, e a chave vai para o servidor do serviço Scrambls, explicaram os desenvolvedores. Segundo um vídeo de divulgação, essas duas partes agem, de certa forma, como distribuidores, entregando tudo ao destinatário incluindo aí uma nova chave, ligada aos IDs dos usuários, para que o texto possa ser decifrado. O vídeo abaixo, feito pelos desenvolvedores da Etransfr, ilustra a ideia por trás da tecnologia de key server encryption:
//www.youtube.com/embed/4EqfN3G8rbU
A página para desenvolvedores do Scrambls vai um pouco mais a fundo na explicação. O serviço, caso você não conheça, serve mais ou menos como base para o Chadder: ele é construído como um sistema flexível, que separa o conteúdo transferido do direito de acessá-lo, como explica o manual para desenvolvedores. O material é criptografado na fonte com ID e chave únicas, e essa chave é mantida no servidor do Scrambls. Mas apesar de ficar guardada no data center, é o usuário quem detém a combinação, decidindo quem poderá ou não abrir o texto nesse caso, o destinatário.
Por isso, o slogan Diga o que quiser (nós não podemos ver mesmo!) usado pelo aplicativo até tem sentido. Como a chave pode ser utilizada apenas pelo autor da mensagem, ao menos a FTC e a Etransfr realmente não devem conseguir quebrar a criptografia para ler os conteúdos. O mesmo deve valer para eventuais invasores, que só conseguiriam decifrar o texto burlando a proteção feita atualmente por uma chave AES 256-bits, que pode ser substituída futuramente por uma maior ou baseada em outra tecnologia, como disseram os desenvolvedores ou invadindo os servidores do serviço para vazar chaves, algo que não é exatamente fácil.
Repercussão e futuro O Chadder ainda não se tornou uma mania como o WhatsApp ou o Viber, mas sua relativa popularização em poucos dias surpreendeu os desenvolvedores. O aplicativo foi desenvolvido em poucos dias, e não esperávamos um número tão grande de usuários, explicaram a INFO. Tanto que a equipe da Etransfr, idealizadora da ideia e formada por estudantes de desenvolvimento do Rochester Institute of Technology (RIT), lançou o aplicativo ainda em fase de testes, e trabalha nele apenas nas horas vagas. Mas com o fim do nosso semestre letivo, na semana que vem, veremos um progresso muito maior, contaram os responsáveis pelo app.
O programa, como mencionado, ainda está em fase beta, e justamente por isso, talvez não seja uma boa ideia usá-lo em uma situação de vida ou morte situação similar foi vista no caso recente do CryptoCat, que teve brechas expostas. Afinal, assim como ainda faltam alguns recursos, é bem provável que existam falhas no código e no funcionamento, além de eventuais vulnerabilidades.
Mas é bom levar em conta que um dos envolvidos no projeto é John McAfee. Reputação à parte, o executivo conseguiu se manter longe dos holofotes (e da polícia) por um bom tempo, e mostrou que privacidade e anonimato são alguns de seus fortes. Por isso, é de se imaginar que as possíveis falhas sejam corrigidas o quanto antes, e uma versão final apareça em meados do inverno (as férias de verão nas quais a Etransfr deve dedicar um bom tempo ao app).
Por ora, o beta do Chadder está disponível gratuitamente para Android e Windows Phone, caso queira testar, e uma versão para iOS está prometida para breve. Mas se precisar de uma alternativa já estável, confira algumas no final desta entrevista aqui.