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Uber trava batalha nos EUA para não ver seu negócio desmoronar

Congresso americano pode forçar aplicativos de transporte a registrarem motoristas como empregados. Mudança pode custar caro para as empresas

Uber: no prospecto de IPO, o aplicativo de transporte admitiu preocupação caso motoristas fossem classificados como empregados (David Paul Morris/Bloomberg)

Uber: no prospecto de IPO, o aplicativo de transporte admitiu preocupação caso motoristas fossem classificados como empregados (David Paul Morris/Bloomberg)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 17h54.

Última atualização em 15 de setembro de 2019 às 00h41.

São Paulo – O futuro da Uber e de outras empresas que operam o transporte de passageiros por aplicativo está ameaçado nos Estados Unidos. O temor é a aprovação de uma lei na Califórnia que forçaria as empresas a tratarem seus motoristas como empregados de seus negócios e não como profissionais autônomos.

De acordo com o site americano The Verge, senadores da estado americano estão inclinados a aprovarem um projeto de lei que força a empresa comandada por Dara Khosrowshahi a registrar os condutores como funcionários, garantindo a eles todos os direitos trabalhistas previstos em lei.

A proposta já foi aprovada em um comitê criado no senado.  O próximo passo é ser colocada em votação, também entre os senadores.

Segundo o Los Angeles Times, empresas de transporte por aplicativo já enviaram lobistas em uma tentativa de persuadir os congressistas de que a aprovação do projeto de lei não é a melhor saída.  Há consenso no setor de que a aprovação da lei seria um golpe duro para o modelo de negócios de companhias como Uber, Lyft, entre outras.

No começo do ano, quando esboçou seu prospecto de abertura de capital para a Comissão de Segurança e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), a Uber deixou claro que seu faturamento “poderia ser adversamente afetado caso os motoristas fossem classificados como empregados, em vez de trabalhadores autônomos”.

Os números davam razão ao temor. Somente no primeiro trimestre de 2019, mesmo com alta de 20% na receita, a companhia teve prejuízo de 1 bilhão de dólares. O déficit se deve ao aumento de 35% nos custos para manter a operação.

Junto com a Lyft, sua principal rival no mercado americano, a empresa comandada por Khosrowshahi fez uma proposta de mudança em seu modelo de negócios com o intuito de achar uma solução que agradasse aos legisladores.

O plano consistia no pagamento de 21 dólares por hora trabalhada (buscando ou transportando passageiros) para os motoristas. Seria ofertado também uma espécie de licença médica e a possibilidade de que os condutores pudessem se organizar em forma de sindicato para ter uma “voz coletiva”.

As reivindicações para mais direitos trabalhistas não são novas. Condutores de aplicativos reclamam que o percentual do valor da viagem retido pelas companhias é alto demais. Eles também pedem por mais assistência das empresas e por um plano de benefícios.

Em março deste ano, a Uber encerrou uma disputa legal que já levava mais de sete anos por reconhecimento de vínculo empregatício com uma série de motoristas. O acordo custou 20 milhões de dólares aos cofres da empresa.

No Brasil, uma alteração legislativa em agosto passou a permitir que os motoristas de aplicativos possam se registrar como Microempreendedores Individuais (MEIs). Em menos de um mês, mais de 1,5 mil condutores já haviam aderido à modalidade que cobra uma taxa fixa de imposto e que permite faturamento máximo de 81 mil reais por ano.

Avaliada nesta segunda-feira (2) em 55,4 bilhões de dólares, a Uber acumula queda de 21,6% no valor de suas ações desde a abertura de capital, realizada em maio. A Lyft, por sua vez, tem valor de mercado de 14 bilhões de dólares e já desvalorizou 37,4% desde o IPO, no fim de março.

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