Tecnologia

Noruega será primeiro país do mundo a abandonar a rádio FM

O sistema de transmissão digital de áudio permitirá aumentar as emissoras e enriquecer conteúdos a um custo oito vezes menor ao da FM

Rádio: a Noruega está há anos preparando a transição e o DAB e o FM convivem desde 1995 (Thinkstock)

Rádio: a Noruega está há anos preparando a transição e o DAB e o FM convivem desde 1995 (Thinkstock)

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AFP

Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 14h35.

A Noruega se tornará nesta quarta-feira no primeiro país do mundo a trocar progressivamente a rádio em frequência modulada (FM) por um novo padrão digital, que permitirá enriquecer conteúdo e criar novas emissoras.

Segundo seus promotores, o sistema de transmissão digital de áudio (DAB, na sigla em inglês) permitirá aumentar as emissoras e enriquecer conteúdos a um custo oito vezes menor ao da FM, um sistema lançado nos Estados Unidos em 1945.

O sistema DAB é difundido por via hertziana, permite cobrir melhor todo o território, voltar a ouvir um programa (podcast) e difundir mais facilmente uma mensagem de alerta em caso de catástrofe ou em situações de emergência, afirmam as autoridades norueguesas.

"A grande diferença e a principal razão desta grande mudança tecnológica é que queremos oferecer uma melhor oferta de rádio a toda a população", explica Ole Jørgen Torvmark, diretor da Digitalradio Norge, que reúne profissionais do setor, como a rádio pública NRK e a privada P4.

País com vocação para as novas tecnologias, a Noruega está há anos preparando a transição e o DAB e o FM convivem desde 1995.

Além disso, 22 estações de rádio em âmbito nacional já transmitem o sinal digital e ainda há espaço para outras 20, enquanto com a FM só era possível ter um máximo de cinco emissoras nacionais.

Muitos noruegueses acreditam, no entanto, que a mudança é prematura e segundo um estudo publicado no jornal Dagbladet em dezembro, 66% dos noruegueses são contrários ao desaparecimento total do FM (17% são favoráveis).

Setenta e quatro por centro da população têm ao menos um aparelho que capta o sinal digital, mas, ao contrário, apenas um terço dos automóveis são capazes de captar o novo sistema.

Para resolver o problema nos carros, é preciso comprar um adaptador que custa entre 1.000 e 2.000 coroas (entre 110 e 220 euros) ou comprar outro aparelho de rádio.

"É completamente estúpido porque não preciso de mais emissoras das que eu já tenho", explicou à AFP Eivind Sethov, um aposentado de 76 anos que mora em Oslo. "É caro demais, espero que os preços caiam antes de comprar um adaptador para o meu carro".

Segundo Torvmark, não há motivos para se preocupar. "Está claro que quando há uma grande mudança tecnológica, muitos se fazem perguntas e são críticos (...) Mas a metade dos ouvintes já está escutando cada semana emissoras que antes não teriam podido existir".

Se a Noruega é um país pioneiro na digitalização de sua rádio é, em parte, devido à topografia repleta de fiordes e montanhas e sua população muito dispersa, que encarece muito a difusão de emissoras em FM.

O processo de extinção da frequência modulada começará na província de Nordland em 11 de janeiro às 11h11 locais (08h11 de Brasília) e depois seguirá por todo o país durante todo o 2017, tornando obsoletos milhões de transistores.

Na Europa, países como Suíça, Grã-Bretanha e Dinamarca estão seguindo os mesmos passo, mas outros estão atrasados.

"Está levando muito tempo", lamenta Simon Spanswick, presidente da Association for International Broadcasting (AIB), e denuncia que muitos países são contrários à mudança digital para evitar o descontentamento da população que terá que "investir em novos equipamentos".

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