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Ninguém está preparado para a disrupção que a IA vai trazer, diz CEO do Mubadala

Gestor do fundo soberano de US$ 330 bilhões de Abu Dhabi diz que o mundo ainda não compreendeu totalmente as oportunidades e riscos da inteligência artificial

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 07h34.

Ninguém compreendeu totalmente o impacto que a inteligência artificial (IA) terá sobre todos os aspectos da vida humana, afirmou Khaldoon Al Mubarak, CEO do fundo soberano Mubadala, de Abu Dhabi, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos. 

Em entrevista à CNBC, o gestor do fundo de US$ 330 bilhões disse que a IA evolui rapidamente e traz tanto riscos quanto oportunidades inéditas. “Hoje ninguém avalia realmente o nível de disrupção que [a IA] vai gerar. Ela afetará tudo: nossas vidas, nossos negócios, o capital humano, os empregos. Todos os setores serão impactados", afirmou Al Mubarak.

O gestor disse que está otimista com a capacidade dos Emirados Árabes Unidos de alavancar sua estratégia de investimento para aproveitar as oportunidades trazidas pela inteligência artificial. Al Mubarak destacou que o fundo tem investido diretamente em tecnologias de inteligência artificial e também na infraestrutura que é necessária para sua expansão, como a fabricação de chips e a construção de data centers.

O Mubadala é um dos investidores fundadores do MGX, a plataforma de investimento em IA de Abu Dhabi. O fundo participou da última rodada de captação de recursos da OpenAI, que arrecadou US$ 6,6 bilhões, em outubro do ano passado. 

No mesmo mês, uma das empresas investidas pelo fundo, a G42, anunciou uma parceria com a OpenAI para desenvolver o uso de IA nos Emirados Árabes Unidos e nos mercados da região. No ano passado, a G42 recebeu um investimento de US$ 1,5 bilhão da Microsoft e assinou um acordo para usar os serviços de nuvem da norte-americana para executar suas aplicações de IA.

Na entrevista à CNBC, Al Mubarak disse que acredita que há uma grande oportunidade de crescimento no mercado de inteligência artificial nos próximos cinco, dez e vinte anos. "Acho que a demanda será tão grande que, mesmo com uma visão conservadora, é possível esperar um crescimento avassalador", disse o gestor do Mubadala.

Investimentos na China

Ao ser questionado sobre a continuidade dos investimentos do Mubadala na China durante o novo governo de Donald Trump, Al Mubarak disse que o fundo continua comprometido a investir no país asiático. Quanto às tarifas alfandegárias, o gestor pontuou que uma eventual guerra de tarifas seria desafiadora não apenas para a China, mas para o mundo. 

Para ele, o país asiático tem muito a oferecer do ponto de vista do mercado consumidor, o que deve garantir “uma aterrissagem pragmática, razoável e suave” para todos os investidores. “Quando você olha para a economia chinesa, ela é a segunda maior economia do mundo. Tem uma população de 1,4 bilhão de pessoas. Há um crescimento da classe média. O PIB está crescendo de forma consistente. É assim que olhamos para a China”, afirmou. 

Al Mubarak destacou que o governo chinês precisa intensificar seus esforços para fortalecer a economia doméstica, que desacelerou no ano passado devido a uma crise imobiliária, um crescimento lento do consumo, o envelhecimento populacional e a concorrência geopolítica. Para o gestor, qualquer iniciativa para impulsionar o mercado consumidor chinês será lida como positiva pelo mercado internacional.

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