Tecnologia

Nerds e criminosos são os principais usuários do bitcoin

Um estudo dos EUA cruzou dados do Google Trends e descobriu que entusiastas de tecnologia e pessoas ligadas a atividades ilegais são as que mais usam a moeda


	Bitcoin: a moeda começou a ser utilizada em 2009
 (Flickr.com/zcopley/Flickr)

Bitcoin: a moeda começou a ser utilizada em 2009 (Flickr.com/zcopley/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2015 às 23h36.

São Paulo – Você se lembra do bitcoin, aquela moeda digital que não depende de nenhuma instituição financeira? Não? Os aficionados por tecnologia e os criminosos não se esqueceram e estão ostentando a moeda.

Quem afirma isso é um estudo da Universidade do Kentucky, nos EUA. Os pesquisadores encontraram evidências de uma relação entre programadores e o termo bitcoin. Além disso, eles também descobriram uma correlação entre atividades ilegais e a moeda digital.

O bitcoin é baseado em um software de código aberto, que protege os usuários de falsificações e gastos duplos. Ele também permite o anonimato dessas pessoas. Em alguns aplicativos de "carteira virtual" é preciso ter uma conta de e-mail para fazer o registro, já outros (a maioria) não é necessário nenhum tipo de identificação.

Devido a essa dificuldade de rastrear os usuários, os autores do estudo utilizaram dados do Google Trends (que reúne buscas realizadas no Google) para descobrir porque as pessoas recorrem à moeda.

Pesquisas anteriores já tinham revelado que há três razões para alguém utilizar o bitcoin: curiosidade, política e lucro. Baseados nisso, os cientistas criaram quatro grupos dentro do mercado dessa moeda digital – investidores, entusiastas de tecnologia, pessoas que procuram modos alternativos de lucro e criminosos.

O estudo, que durou 31 meses, analisou diversos termos de pesquisa relacionados ao bitcoin. Eles combinaram palavras como “bitcoins”, “bitcoin Mining”, “bitcoin Exchange”, “bit coin” e “bitcoin price” com termos da ciência da computação.

Os pesquisadores também analisaram os resultados que continham termos como "Silk Road", "Free Market" e "Make Money”. Tais palavras foram utilizadas, pois elas remetem a sites de comércio ilegal. O Silk Road, por exemplo, oferecia drogas, como metanfetamina e heroína, na deep web.

O resultado final? Nenhuma correlação entre bitcoin e investidores da moeda foi encontrada. No entanto, eles encontraram evidências de que os entusiastas de programação e de atividades ilegais têm um grande interesse no bitcoin.

Vale ressaltar que esses dados de pesquisa por si só não podem ser utilizados como um método definitivo para definir a participação. Porém, como os próprios pesquisadores apontaram, eles podem ser usados para criar perfis das pessoas com maior probabilidade de usar o Bitcoin. 

Nada novo

Apesar de interessante, a pesquisa não surpreende. Devido ao anonimato, o bitcoin tornou-se a principal moeda dos sites de comércio ilícito na deep web. Alguns deles, como o “Hitman Network”, oferece serviços de assassinos de aluguel e só recebe o pagamento em bitcoin.

Mas não pense que o anonimato da moeda sempre protege quem a utiliza. A identificação do usuário pode ser feita se a polícia encontrar o IP dela ou se ela fez qualquer transação de bitcoins em casas de câmbio. A partir desse momento, as autoridades podem pedir a quebra de sigilo bancário do indivíduo para essas empresas. Aliás, isso já aconteceu anteriormente.

Em 2013, por exemplo, o FBI prendeu o criador do Silk Road, Ross Ulbricht. O site foi fechado e mais de 150 mil bitcoins foram apreendidos pela polícia – o equivalente a 100 milhões de dólares na cotação de março de 2013.

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