(Socialbakers/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 25 de outubro de 2019 às 05h55.
Última atualização em 25 de outubro de 2019 às 07h18.
São Paulo – Yuval Ben-Itzhak, presidente da consultoria de redes sociais Socialbakers, diz que nem tudo que recebe muitas curtidas em redes sociais é relevante. Para ele, as empresas que desejam se engajar com clientes precisam apostar no conteúdo que é importante para eles. Fundada em 2008, a Socialbakers é baseada na República Tcheca e ajuda empresas como Airbus, Heineken, McDonald’s, Samsung e Vodafone a fazer marketing em redes sociais. No mundo, a empresa tem mais de 3 mil clientes corporativos, sendo 200 no Brasil. Confira, a seguir, a entrevista com Ben-Itzhak.
As empresas usam as redes sociais de forma mais madura hoje em dia?
Sim. As maiores empresas do mundo, de diversos setores, já perceberam que os consumidores mais jovens não visitam sites corporativos. Eles querem se comunicar com empresas nas redes sociais. As marcas precisam estar onde os consumidores estão. Hoje, eles estão nas redes sociais.
O alcance orgânico para marcas caiu muito nos últimos anos. Por quê?
É parte do modelo de negócios das redes sociais. Elas precisam cobrar pelo que ofereceram de graça por muitos anos, organicamente. Nas redes sociais, você se conecta e conversa com seus amigos. Isso não mudou. Mas acabou o almoço grátis que as redes sociais davam para empresas.
O Instagram testa o fim dos likes em diferentes países, incluindo o Brasil. Por quê?
A iniciativa é voltada para verificar se as pessoas se engajam com conteúdos, não apenas com o número de curtidas. É um teste interessante, mas só o tempo vai dizer se isso realmente mudou. Para influenciadores, isso representa um desafio. Você deve confiar no número de likes ou se voltar a outras métricas? Esse é um desafio desse mercado. Outros dados podem ser mais importantes para marcas. As redes sociais querem que o conteúdo seja importante e relevante para o consumidor. As pessoas devem sempre se questionar se os likes que veem em uma foto são reais. O Instagram tenta dar espaço para conteúdos reais. Nem tudo que recebe curtidas é relevante.
Isso tem a ver com o bem-estar digital que as empresas de tecnologia tentam promover?
Sim. O uso de redes sociais virou um hábito do qual as pessoas não podem escapar. Elas acessam os aplicativos quando têm tempo livre. É um comportamento que já está estabelecido. No ano passado, vimos muitas notícias negativas sobre o uso de redes sociais e privacidade, e nada mudou por causa disso.
Empresas de redes sociais lançaram recursos como efeitos de imagem que mostram como seria seu visual se você fosse do sexo oposto ou se usasse acessórios virtuais. Por quê?
No fim das contas, redes sociais são plataformas de publicidade. Elas precisam manter as pessoas engajadas com seus aplicativos. Para isso, elas precisam inovar constantemente. É esse tipo de iniciativa que ajuda a aumentar o número de usuários.
O discurso de ódio é um problema para redes sociais, que precisam combater conteúdos impróprios ou ofensivos e, ao mesmo tempo, manter a liberdade de expressão. Como você vê essa questão?
É um desafio para todas as empresas do ramo. Em qualquer lugar, as pessoas fazem coisas boas e más. As plataformas digitais tentam resolver o problema da melhor forma possível, mas não acredito que o discurso de ódio vai desaparecer. É como hackers e computadores. Não importa o quanto você investe, o outro lado também avança e encontra novas formas de atuar.
As grandes empresas de tecnologia estarão sempre ligadas ao negócio de publicidade?
Para o consumidor, elas se promovem como empresas que conectam pessoas online. Para empresas, é diferente. Elas têm um modelo de negócio muito evoluído e bem-sucedido. Isso não deve mudar.
A questão da privacidade na internet se torna cada vez mais uma preocupação de consumidores e marcas. Como você vê essa tendência?
É muito importante e válido. As pessoas devem estar no controle do que é captado por empresas. O mercado aprendeu muito no último ano e trabalha melhor com empresas terceiras em relação ao compartilhamento de dados. Isso mostra que é possível ser bem-sucedido e estar em conformidade com leis de privacidade, como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais da União Europeia.
Quais são as tendências para redes sociais para o próximo ano?
As empresas estão investindo muito em influenciadores porque o público confia menos na publicidade do que no passado. Também ressaltamos a importância do conteúdo relevante. Como as pessoas passam muito tempo nessas redes sociais, as empresas precisam estudar e entender como interagir com eles com conteúdo. Outra tendência está ligada com a Libra, a criptomoeda anunciada pelo Facebook junto a outras grandes empresas. Veremos uma função mais ligada ao e-commerce no setor. A rede social pode se tornar a evolução do e-commerce como o conhecemos hoje.