Tecnologia

Myfuncity: uma rede em busca da cidadania

A Myfuncity tenta fazer com que o cidadão descubra uma maneira de atuar politicamente, sem a necessidade de agir dentro dos moldes da política tradicional

Em 19 de outubro, o aplicativo estará disponível para iPhones e iPads (Reprodução)

Em 19 de outubro, o aplicativo estará disponível para iPhones e iPads (Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2011 às 17h59.

São Paulo - “Você se sente seguro na sua região?”, “As vias estão limpas?”, “O trânsito está fluindo?”, “Você está satisfeito com os parques”. Imagine opinar sobre questões como essas enquanto caminha pela cidade. Imagine se as respostas chegassem diariamente ao conhecimento do poder público.

Imagine se o governo e a prefeitura passassem a levar essas informações em consideração no momento de decidir para qual direção ampliar as linhas de ônibus, onde instalar novas lixeiras ou em que lugar plantar uma árvore. É exatamente essa a proposta do Myfuncity, a primeira rede social privada do mundo focada em cidadania.

“É uma ferramenta de transformação para grandes e pequenas causas”, explica o publicitário Mauro Motoryn, um dos idealizadores do projeto, que deixou o cargo de CEO da agência 141 Soho Square para se dedicar em tempo integral à empreitada – que será exportada para os Estados Unidos e a Europa até o ano que vem. “Vamos conectar milhares de pessoas que compartilham opiniões e querem contribuir para mudar a cidade onde moram”.

A ideia é simples. Depois de se cadastrarem, os usuários são convidados a avaliar a região onde estão naquele momento. Também é possível deixar um comentário e colocar fotografias, que podem ser compartilhados via Facebook ou Twitter, de forma anônima ou abertamente.

Entre os 12 temas abordados, limpeza pública, transporte, saúde, educação e lazer. Todos os dados ficam armazenados e disponíveis para serem consultados por outros usuários de internet que estejam num raio de um quilômetro daquele local. No fim do dia, as estatísticas e o consolidado das avaliações são enviados a prefeituras, secretarias, jornais, emissoras de rádio, revistas ou qualquer outra entidade cadastrada.

“É uma forma de usar a tecnologia como suporte da cidadania, a serviço da mobilização da sociedade”, acredita Oded Grajew, fundador da Rede Nossa São Paulo e um dos parceiros do projeto.
 


“Embora o direito de se obter informação sobre a qualidade dos serviços públicos seja garantido por lei, diversos municípios brasileiros não cumprem essa determinação. Com esse aplicativo poderemos ter uma ideia melhor do que acontece na cidade sob o ponto de vista dos cidadãos”.

Outras mídias

Até agora, só é possível acessar o Myfuncity pelo Facebook. Em 19 de outubro, o aplicativo estará disponível para iPhones e iPads com um recurso de geolocalização que indicará automaticamente onde está o usuário.

O dia também marca o lançamento em três cidades dos Estados Unidos. No fim do mês, será a vez dos celulares com sistema operacional Android, do Google.

O questionário tem 12 perguntas que mudam de hora em hora – a única que permanece a mesma é: “Qual é seu humor hoje”, para que se possa ter um “grau de confiabilidade” nas respostas. Até agora, foram elaboradas 96 questões. “Também será possível criar perguntas voltadas para uma cidade específica, caso alguma prefeitura tenha o interesse de saber a opinião da população sobre determinado tema”, explica Motoryn.

O objetivo principal do Myfuncity é possibilitar, através das novas tecnologias, que o cidadão descubra uma maneira de atuar politicamente, sem a necessidade de agir dentro dos moldes da política tradicional – tratada com repulsa por grande parte das novas gerações.
 

“É hora de reinventar e inovar os moldes de ação”, acredita Alexandre Le Voci Sayad, diretor do Myfuncity. “O barateamento das tecnologias abriu caminho para uma geração de jovens antenados, com instrumentos capazes de promover uma verdadeira revolução . Embora banal, a pergunta ‘Que cidade você deseja?’ jamais foi feita ao cidadão. Nós queremos fazê-la. O Myfuncity abre um canal de expressão precioso para a construção de políticas públicas”.


O público e o privado

Além da maior interação com o poder público, a rede espera criar canais de diálogo entre os internautas, que poderão “curtir” – botão popularmente conhecido no Facebook que permite indicar um conteúdo – e “comentar” as opiniões dos usuários.

“Pessoas que tenham interesses em comum poderão se comunicar e, por que não, organizar ações que efetivamente mudem a realidade daquela região da cidade”, anima-se Motoryn.

O projeto, que vem sendo desenvolvido há dois anos por Motoryn e Sayad, nasce com a parceria de mais de 700 entidades, por meio da Rede Nossa São Paulo, Rede Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, Cidade Escola Aprendiz, Catraca Livre e do Museu da Pessoa.

A fonte de receita virá de anunciantes e, até o fim de 2012, o Myfuncity pretende reunir cerca de 10 milhões de usuários no Brasil e 50 milhões no mundo.

Embora na teoria o Myfuncity funcione bem, ainda é preciso saber o que acontecerá na prática. Para dar certo, é fundamental não só a participação de um grande número de pessoas, mas o bom uso dos recursos disponíveis para que o aplicativo não se transforme em mais um dos infinitos jogos criados diariamente nas redes sociais.

As ferramentas estão postas na mesa. Resta descobrir o que será feito com elas.

Acompanhe tudo sobre:CidadaniaCidadesInternetRedes sociais

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes