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Musk ousa ir aonde outros fracassaram com internet espacial

O ousado plano da SpaceX requer 4.425 satélites

 (OnInnovation/Flickr)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 1 de março de 2018 às 14h20.

Quando a SpaceX de Elon Musk lançou dois satélites de comunicação na semana passada, ele entrou em uma corrida espacial que já frustrou muitos outros sonhadores.

Bilhões de dólares desapareceram na tentativa de fornecer serviços de internet a partir da órbita terrestre baixa. A Globalstar e a Iridium Communications quebraram, mas continuam insistindo, enquanto outra iniciativa faliu, apesar do apoio de Bill Gates, da Boeing e de outros.

Esse histórico não impediu que quase duas dúzias de empreendimentos arrecadassem dinheiro na tentativa de chegar aos usuários de banda larga, incluindo muitos que não têm um alcance fácil aos serviços móveis tradicionais.

"Nada mudou, exceto o nível de histeria e o nível de expectativas irreais", disse o analista Roger Rusch, presidente da consultoria TelAstra em Palos Verdes, Califórnia, em entrevista.

A Space Exploration Technologies de Musk, a OneWeb de Greg Wyler, a Boeing e a canadense Telesat são algumas das empresas que pediram autorização à Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC, na sigla em inglês) para oferecer serviços de banda larga usando satélites.

Mas Rusch disse que existem enormes desafios técnicos. Os sistemas de órbita terrestre baixa precisam de um software complexo para administrar constelações de satélites e antenas sofisticadas no solo para apontar para a espaçonave que se move de um horizonte a outro. Os custos rapidamente superam as economias geradas pela construção de equipamentos menores, disse Rusch.

A Boeing pretende conseguir aprovação para 60 satélites, e a FCC concedeu no ano passado permissão à OneWeb para atender ao mercado dos EUA usando 720 satélites autorizados pelo Reino Unido.

O plano da SpaceX requer 4.425 satélites, mas a companhia também solicitou outros 7.518. O presidente da FCC, Ajit Pai, deu seu apoio à proposta, e é provável que a companhia receba a autorização da agência para fornecer banda larga através da órbita terrestre baixa.

As constelações planejadas superariam enormemente o número atual de satélites operados por todos os países, um total de 1.738 até agosto do ano passado, de acordo com uma contagem efetuada pela Union of Concerned Scientists.

Os dois satélites lançados na semana passada são testes, disse John Taylor, porta-voz da SpaceX, em um comunicado enviado por e-mail. "Mesmo que esses satélites funcionem conforme planejado, ainda temos um trabalho técnico considerável pela frente para projetar e implementar uma constelação de satélites na órbita terrestre baixa", disse Taylor. O sistema daria às pessoas em regiões menos povoadas o acesso a um serviço de internet de alta velocidade a preços acessíveis, disse Taylor, sem revelar um preço.

Os satélites na órbita terrestre baixa são melhores para transmitir e captar banda larga, porque os sinais sofrem menos tempo de atraso, que poderia interromper conversas telefônicas e streaming de vídeo. À medida que a banda larga universal se tornou um objetivo mais atraente, o apetite pelo serviço oferecido por satélites cresceu, disse Tom Stroup, presidente da Satellite Industry Association, um grupo do setor.

"O maior vencedor com tudo isso vai ser o consumidor", disse Stroup. "Haverá várias opções na categoria de satélite de banda larga."

*Crédito da foto: Flickr/OnInnovation

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