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Motorola declara guerra a aparelhos de baixa qualidade e preço alto

Software adequado ao hardware é a vantagem da empresa no segmento de entrada, diz CEO

Motorola (Divulgação)

Motorola (Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 14 de maio de 2014 às 09h11.

"A Motorola tem uma guerra aberta contra os aparelhos de entrada de baixa qualidade". É isso que pensa Steve Sinclair, o vice-presidente de marketing de produtos da Motorola. A empresa apresentou nesta semana o Moto E, que tem processador dual core Qualcomm Snapdragon 200 de 1,2Hz, tela de 4,3 polegadas, 1GB de RAM, TV digital 1seg e será vendido no Brasil por 599 reais. "Os aparelhos topo de linha devem seguir em direção aos de baixo custo", disse.

Um dos principais alvos da Motorola foi a Samsung, criticada no evento de lançamento do smartphone Moto E, realizado em São Paulo. O ponto mais citado foi o fato da companhia não oferecer a atualização para o Android 4.4 KitKat em alguns dos seus dispositivos.

“Nesta semana mesmo, a Samsung anunciou que não vai atualizar o Android do Galaxy S3 porque ele não tem memória RAM o suficiente, apesar de ter 1GB. De alguma forma, nós conseguimos oferecer esse update ao Moto G em cerca de um mês. Isso acontece porque decidimos não investir em softwares desnecessários, skins desnecessárias, portanto, podemos fazer o upgrade dos nossos aparelhos rapidamente”, afirmou Rick Osterloh, CEO e diretor operacional mundial da Motorola, insinuando que a concorrente estaria promovendo  a obsolescência do gadget, que era topo de linha há poucos mais de 24 meses.

Mais do que a TV digital, o destaque do Moto E é que ele roda sistema Android 4.4.2 KitKat e tem atualização garantida pela fabricante de que o próximo grande update do sistema móvel do Google será oferecido. “Ninguém gosta de comprar um aparelho e descobrir, depois de apenas alguns meses, que ele já está desatualizado”, declarou Osterloh.

Outro ataque à Samsung foi em relação às inúmeras funções que os seus smartphones têm. A Motorola acredita que só é importante oferecer recursos que sejam realmente relevantes para o consumidor, como a ativação por comandos de voz no Moto X ou a possibilidade de ouvir e responder mensagens de texto apenas falando com o aparelho enquanto o usuário está ao volante. O Samsung Galaxy S5, por exemplo, oferece a possibilidade de trocar de fotos da galeria passando a mão sobre ele (apesar do dispositivo de contar com diversos recursos muito mais úteis, como o leitor biométrico ou a possibilidade de combinar Wi-Fi e 4G para baixar arquivos com mais de 30MB).

"Preço acessível para todos", esse é o principal slogan da companhia para o Moto E, o aparelho no qual a empresa aposta para voltar a ser uma importante competidora no mercado de celulares. A missão da companhia, que atualmente pertence ao Google, mas espera a conclusão de venda para a Lenovo, é conectar as 2.1 milhões de pessoas que ainda não têm nenhum telefone móvel. Portanto, a Motorola criou um hotsite chamado de “Goodbye, Dumbphone” (algo como “Adeus, Celular Burro”), em uma evidente alusão aos smartphones.

Perguntado por INFO sobre como foi possível driblar o custo Brasil para oferecer um aparelho com configuração intermediária a um baixo custo e ainda assim manter a qualidade do produto, Osterloh afirmou que foi preciso muito trabalho durante nove meses — o mesmo tempo necessário para criar o Moto G. "Nosso objetivo foi focar no software para que ele pudesse rodar sobre um hardware que fosse adequado a essa faixa de preço. O nosso software é o melhor do mercado e isso é algo que nos dá uma clara vantagem. Essa arquitetura e o desenvolvimento foram essenciais para o Moto E, e é por causa disso que não há outras empresas oferecendo produtos com essa qualidade por esse preço".

O Moto E será montado no Brasil, na fábrica da Motorola. Ainda não se sabe se a Lenovo irá assumir parte da produção dos ceulares da companhia.

A estratégia de vender smartphones intermediários com boa experiência de uso parece estar dando certo para a Motorola. "Estamos felizes com a nova fase da empresa, com dois dos nossos smartphones sendo os mais vendidos no Brasil (Moto X e Moto G), colocando a empresa de volta no mercado. O Moto G em cinco meses se tornou o aparelho mais vendido no Brasil e conseguimos isso com o preço mais acessível que colocamos no aparelho", afirmou Osterloh.

Os executivos disseram ainda que a oferta do software atualizado aos seus dispositivos nada tem a ver com o lançamento do relógio inteligente Moto 360, que chegará ao mercado em 2014. No entanto, o gadget vestível só vai poder se conectar a smartphones com sistema Android a partir da edição 4.3.

Apesar de não ter sido cauteloso ao não revelar muito sobre o Moto 360, Osterloh disse que o relógio será comercializado no Brasil por um valor mais alto do que o do Moto E, mas ele não será um produto muito caro, já que a empresa busca ampliar sua participação do segmento de computação para vestir. Vale lembrar que a companhia já lançou no mercado nacional, em 2011,o Moto Actv, que monitora exercícios físicos.

Motorola e Lenovo – Apesar do contrato de venda ainda não ter sido aprovado, a Motorola já é quase uma empresa da Lenovo, vendida pelo Google por 2,91 bilhões de dólares no começo deste ano. Sinclair afirmou que as empresas podem se ajudar para aumentar a participação de mercado uma da outra, já que há locais em que a Lenovo é mais forte e em outros é a Motorola que tem mais destaque. Um caso seria a China, país natal da Lenovo e local que detém o título de maior mercado de smartphones do mundo — e onde a Motorola ainda não está presente como gostaria.

Veja abaixo 10 fotos do Moto E, disponível no mercado nacional com TV digital por 599 reais e sem esse recurso por 530 reais.

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