Carro elétrico (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h28.
São Paulo - As montadoras devem entregar na sexta-feira, 05, ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, uma proposta para tornar viável a produção de carros elétricos e híbridos no Brasil.
Antes da etapa da produção, contudo, querem isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para modelos importados. A justificativa será a de estabelecer a tecnologia no mercado.
O plano prevê uma cota de 500 veículos que entrariam no País neste ano com IPI zero (hoje a taxa é de 13% a 25%), número que aumentaria anualmente até chegar a 2,4 mil unidades em 2017. Essas cotas seriam adicionais àquelas estabelecidas pelo programa Inovar-Auto, que livra uma parcela das importações da alta de 30 pontos porcentuais de IPI em vigor desde o fim de 2011.
A isenção do Imposto de Importação (II) é pedida apenas para as peças de reposição. Carros vindos de fora do Mercosul e do México pagam 35% de II.
Medidas de incentivo à produção, que devem ocorrer só a partir de 2017, ainda não são especificadas no estudo, que será levado ao governo pela diretoria da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Segundo fontes do setor automobilístico, o entendimento em relação a uma proposta única para viabilizar os carros verdes no Brasil demorou a sair por causa da falta de interesse de montadoras que ainda não têm produtos dessa categoria em grande escala.
No início do ano, a Toyota, sozinha, entregou ao governo uma proposta em que estabelecia prazo de cinco anos para iniciar a produção local de híbridos com motor flex (elétrico e etanol). Pedia, em contrapartida, desoneração de IPI e de II. Desde janeiro, a marca vende no País o híbrido Prius, a R$ 120 mil. Importado do Japão, até agora foram vendidas 170 unidades.
Também estão à venda os híbridos Ford Fusion, Lexus CT200h, Porsche Cayenne S, Mercedes-Benz S400 e o elétrico Nissan Leaf. [quebra]
O consenso obtido entre as filiadas da Anfavea ocorre num momento em que duas marcas já anunciaram intenção de produzir no Brasil veículos movidos a combustíveis alternativos.
A Nissan assinou no dia 17 protocolo de intenções para estudo de viabilidade de produção de carros elétricos no Rio de Janeiro, onde o grupo japonês vai inaugurar uma fábrica em 2014.
O presidente mundial da aliança Renault/Nissan, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, esteve pessoalmente com o governador do Rio, Sérgio Cabral, para assinar o protocolo. O executivo ressaltou que, sem incentivos governamentais, o carro elétrico não é viável.
Dez dias depois, o grupo árabe Amsia Motors anunciou intenção de investir US$ 450 milhões em uma unidade industrial no Sergipe para veículos híbridos e movidos a eletricidade.
Protocolo de intenções também foi assinado pelo governador em exercício, Jackson Barreto, e o príncipe da Arábia Saudita, Abdul Rahman bin Faisal al Saud, principal acionista da Amsia, que opera em parceria com empresas chinesas. [quebra]
Em maio de 2010, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a reunir em Brasília um grupo de empresários e autoridades para lançar um programa de incentivo à produção de carros elétricos, mas o evento foi cancelado cinco minutos antes do horário marcado para começar.
Na época, foi dito que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu mais tempo para conhecer melhor a proposta. Desde então, o tema vem sendo debatido, mas nenhum programa específico foi lançado.
O programa Inovar-Auto, que entrou em vigor neste ano, estabelece que até 2017 os novos carros terão de emitir 12% menos gases poluentes do que os modelos atuais. Quem não atender a norma perderá a isenção dos 30 pontos extras do IPI.
Como a conta será feita com base numa média de emissões de todos os modelos de uma fabricante, carros elétricos e híbridos terão peso importante no cálculo.
O governo estuda dar peso maior a esses modelos. O carro elétrico não emite poluentes e o híbrido - que combina motor a combustão e elétrico - também tem emissão zero quando funciona a eletricidade.