Moinho de vento junto com turbinas de energia eólica em uma fazenda na Califórnia: máquinas se comunicam cada vez mais entre si e com as pessoas (Ken James/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2013 às 16h19.
Washington/São Francisco - Na fazenda Top Crop em Dwight, Illinois, 200 turbinas emergem entre um mar de milho e soja, com suas lâminas movendo-se tranquilamente dia e noite para obter energia eólica. Elas falam entre si com sons que o ouvido humano não capta, procurando manter o ritmo da produção das suas vizinhas.
Caso uma delas fique atrás, os sensores chegam a um escritório em Schenectady, Nova York, a uns 1360 quilômetros, onde o centro de operações remotas da General Electric Co, com dados de 19.000 moinhos de vento, encontra a forma mais eficiente de ajudá-la. A monitoração eficiente das máquinas auxiliou a GE a consertar defeitos, limitar empecilhos e prevenir milhares de falhas.
As máquinas se comunicam cada vez mais entre si e com as pessoas. Dispositivos móveis possibilitam uma interconexão constante. Computadores comprimem terabytes de dados. Tais inovações convenceram economistas como Marco Annunziata, da GE, e Erik Brynjolfsson, do MIT, de que está tudo pronto para uma série de ganhos de produtividade comparáveis ao boom de 10 anos da Internet iniciado em 1995.
“Sou bastante otimista’, disse Brynjolfsson, professor na Sloan School of Management do MIT, em Cambridge. “Quando vejo as tecnologias que estão por chegar, projeto grandes melhoras na produtividade”.
Crescimento mais rápido
Uma maior produtividade seria uma boa notícia para os Estados Unidos e a economia global. Ela permitiria acelerar o crescimento sem aumentar a inflação. As companhias poderiam pagar mais a seus funcionários e continuar desfrutando de lucros crescentes, que vigorariam o mercado acionário. Uma maior arrecadação fiscal permitiria ao governo americano reduzir seu déficit orçamentário.
Até agora, o incremento projetado para a eficiência é mais previsão do que fato. A produtividade por hora por funcionário entre os negócios não agrários cresceu 0,3 por cento nos 12 meses finalizados em junho – um décimo do ganho médio de 3 por cento entre 1995 e 2004, segundo o Departamento de Trabalho, em Washington.
“Continuamos perto do começo da segunda série”, disse Stephen Oliner, pesquisador no Instituto Empresarial Americano, em Washington. “Conectar as tecnologias existentes para criar um produto novo requer muito trabalho, experimentar e errar muito, para descobrir como pode ser feito mais eficientemente”.
Séries de produtividade
A história sugere que os ganhos de produtividade gerados por tecnologias de propósito geral podem vir em séries, escreveu o professor da Universidade de Chicago Chad Syverson em um ensaio publicado neste ano. Foi o caso da eletrificação no começo do século passado, quando a aceleração da produtividade de uma década foi seguida por um desaquecimento de vários anos e depois outra aceleração.
“Sempre há defasagens entre a apresentação de uma nova tecnologia e os ganhos na produtividade”, disse Brynjolfsson. “Nas minhas pesquisas, descobrimos que as companhias que instalaram sistemas empresariais grandes e novos não obtiveram os benefícios completos até entre cinco e sete anos depois”.
As companhias têm motivos para fazer o esforço.
“Há um potencial de geração de valor de US$ 14,4 trilhões na próxima década à medida que conectarmos mais coisas que potenciem a produtividade, a eficiência na cadeia de suprimentos, que levem a expandir a experiência do cliente e a receita”, disse Robert Lloyd, diretor de desenvolvimento e vendas na Cisco Systems Inc., a maior fabricante de equipamento de redes, sediada em San José, Califórnia.
Os investimentos diminuíram durante a recessão, mas agora a economia está pronta para uma recuperação dos gastos de capital graças à melhora da perspectiva local e global, disse Annunziata, economista-chefe na GE, sediada em Fairfield, Connecticut. As companhias são menores, lucrativas e têm muito dinheiro. Além disso, o incentivo para investir crescerá à medida que as reviravoltas tecnológicas comecem a render mais frutos.
“Esta é uma série de inovações que vai impulsionar a produtividade muito mais do que a revolução da internet”, disse Annunziata, descrevendo o fenômeno como “a Internet industrial”. “Estamos vendo a guinada na adoção e na velocidade da adoção dessas tecnologias. As companhias como as nossas estão investindo cada vez mais”.