Com o Surface, a Microsoft quer enfrentar a Apple no segmento de tablets (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2012 às 12h22.
Aspen - A Apple tem um modelo de negócios que costumava ser somente dela. A empresa fundada por Steve Jobs projeta os equipamentos, desenvolve o software e oferece uma série de serviços, como a venda de músicas, vídeos e aplicativos, para seus clientes, num sistema verticalmente integrado.
Esse modelo garante uma experiência superior para o usuário, pois evita a possibilidade de erros e conflitos que podem surgir da combinação de fornecedores múltiplos, e ao mesmo tempo, o deixa totalmente dependente da empresa.
Recentemente, o Google anunciou seu tablet Nexus 7 e a Microsoft apresentou o seu Surface. O objetivo das empresas é oferecer essa experiência superior, e garantir a fidelidade do cliente com essa estrutura vertical.
Henrique de Castro, presidente de mídia, mobilidade e plataformas globais do Google, participou na semana passada do evento Fortune Brainstorm Tech, em Aspen, nos Estados Unidos. A Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) foram patrocinadoras do evento.
Durante um painel que tinha como tema "Tablets 2.0", ele afirmou que o sistema Android, do Google, deve ultrapassar a Apple em tablets, como aconteceu nos smartphones, por ser aberto a diversos fornecedores. "O produto é melhor quando o ecossistema ao redor dele é melhor, e um sistema aberto é melhor que um sistema fechado", disse Castro, com um Nexus 7 nas mãos.
Na edição mais recente da revista Wired, o colunista Anil Dash apontou que, em maio de 2011, chegaram ao fim restrições à atuação da Microsoft, que foram resultado do acordo antitruste que a empresa fez com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos nove anos antes. Com sua capa que também funciona como teclado, o tablet Surface refletiria esse momento da empresa fundada por Bill Gates, da sua volta ao mercado sem amarras.
"O Surface não é um equipamento 'eu também'. Ele empurra adiante toda a categoria", escreveu Dash. "E, com o Surface, a Microsoft não está indo para cima só da Apple; ela está sacudindo os punhos na direção de todos os seus parceiros que fabricam PCs, que têm lançado tablets e laptops medíocres por anos."
Volta
Marc Andreessen deu início à revolução da web em 1993, quando criou o Mosaic, primeiro navegador gráfico do mundo. Homem de software, ele apontou para um ressurgimento da indústria de hardware.
"Acho que o software está se tornando tão importante que, na verdade, está levando a um novo tipo de renascimento do hardware", disse Andreessen, semana passada, na abertura do evento. "Acho que os eletrônicos de consumo podem estar num processo de volta aos EUA. Há 30 anos, quando eu estava crescendo, havia uma grande discussão de todas as empresas de eletrônicos de consumo que estavam deixando os EUA por ser uma manufatura comoditizada."
Ele destacou que mesmo o iPhone, apesar de ser fabricado na China, tem muitos de seus componentes produzidos nos EUA. "Todos os lucros voltam para os Estados Unidos", disse Andreessen. Entre as empresas que receberam investimento da sua empresa, a Andreessen Horowitz, estão a Jawbone, que fabrica alto-falantes, e a Lytro, que produz câmeras. "Esses produtos são software extremamente sofisticado embalado em hardware especial. Mas as companhias que só fazem hardware vão passar por um momento muito difícil."
Junto com o Nexus 7, o Google anunciou o Nexus Q, um aparelho que transmite vídeos, músicas e fotos de computadores e da internet para televisores, fabricado nos Estados Unidos. Andreessen acha que mais equipamentos podem começar a ser produzidos em seu país, mas ele não considera essa questão importante. "Muito do que acontece na China é juntar componentes fabricados em outros lugares. Ou fabricados na China com tecnologia americana", destacou o investidor. "Enquanto os equipamentos forem projetados nos EUA, não importa muito onde são fabricados. Isso não tem a ver com a criação de empregos de alto valor e, francamente, existem poucos americanos dispostos a trabalhar numa linha de montagem chinesa a esses salários." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.