Tecnologia

Miyamoto diz que Nintendo não investirá em smartphones

O guro dos videogames Shigeru Miyamoto disse que a Nintendo não pensa em explorar mercado de smartphones no momento


	Shigeru Miyamoto, da Nintendo: Miyamoto criou os jogos mais famosos da Nintendo
 (Kevork Djansezian / Getty Images)

Shigeru Miyamoto, da Nintendo: Miyamoto criou os jogos mais famosos da Nintendo (Kevork Djansezian / Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2014 às 11h52.

Tóquio - Guru do lazer virtual e autoridade no mundo dos videogames, Shigeru Miyamoto explicou como funciona a mente de quem criou os jogos mais famosos da Nintendo, falou sobre planos e revelou que a empresa não pensa em explorar o mercado de smartphones no momento.

"A Nintendo tem um hardware e uma interface únicas, feitas para que todos desfrutem juntos no mesmo ambiente. É um mercado diferente dos smartphones, em que você joga sozinho, então investir nisso não é algo que vamos fazer no momento", disse Miyamoto em entrevista para a Agência Efe.

Sempre sorridente, mas cauteloso, o pai de Mario, o encanador mais rentável da história dos videogames, mostra enfaticamente seu posicionamento diante da crescente demanda de títulos para portáteis e defende a política da Nintendo de continuar criando jogos que estimulem a participação coletiva.

Para Miyamoto, a expansão do mercado de telefonia móvel é um fato que a companhia não pode "ignorar", e que poderia "considerar" a hipótese de introduzir os celulares "como parte do jogo", mas não fazer algo exclusivo para eles.

"Usar um smartphone não é ruim, o dispositivo em si não é ruim, o problema é se concentrar em jogar só com eles. As pessoas estão tão distraídas que perdem o contato com as outras", opina o mestre, que também considera que algo parecido poderia ocorrer com os títulos que apostam na realidade virtual.

Criador de Mario, Zelda, Donkey Kong e outros personagens icônicos da companhia japonesa, para a qual trabalha há 37 anos -, Miyamoto diz que sua mente é um redemoinho de ideias ativo 24 horas por dia.

"Sempre me disseram que é preciso ter centenas de ideias para poder escolher algumas, então eu tentava fazer o mesmo. Não se trata de ter ideias o tempo todo, mas ser capaz de ter muitas", explica, com modéstia.

O primeiro passo do mestre na hora de um novo projeto é imaginar a "estrutura do jogo". Se ela for "interessante", ele tenta encontrar o personagem "adequado" e com uma característica que o diferencie, como o nariz enorme de Mario e as grandes orelhas de Link.

Por falar em características específicas, assim como a origem dos fartos seios de Lara Croft, da franquia "Tomb Raider", desenhados acidentalmente pelo ilustrador, um equívoco fez o protagonista de "The Legend of Zelda" ser canhoto.

"O artista cometeu um erro e fez Link segurando a espada na mão esquerda. Mas a verdade é que eu sou canhoto, então quando o vi, pensei: "Ok, faremos assim"", explicou, com bom humor.

Imparável, Miyamoto, que já declarou que seguirá na ativa "enquanto o corpo aguentar", continua a explorar novos desafios, o mais recente como produtor do curta-metragem "Pikmin". Para o criador, os protagonistas do jogo homônimo são "perfeitos para curtas".

"Para mim, Pikmin é um jogo muito, muito especial. Não acho que dê para entender sem jogar, mas é um jogo de estratégia e é preciso encontrar a forma de posicioná-los bem para que nenhum morra", explica, enquanto olha para a camiseta branca com uma imagem dos pequenos Pikmin.

Unir o trabalho de companhias da indústria do cinema e dos videogames é algo já deu certo em títulos como "Ni no Kuni", da Level 5, com o estúdio de animação Studio Ghibli.

A parceria entre dois gigantes como Miyamoto e os estúdios do já aposentado cineasta Hayao Miyazaki poderiam resultar um produto atrativo, mas o mestre da Nintendo não enxerga essa possibilidade.

"Miyazaki odeia os videogames e isso significa que ele realmente entende a diferença entre jogos e filmes: os primeiros são interativos, as segundas passivas. Portanto, embora quisesse fazer isso, não poderia", explica.

Desde a infância, Miyamoto sonhava ser desenhista de mangás, mas o saturado mercado da história em quadrinhos japonês o fez replanejar seu futuro profissional e apostar na emergente indústria do lazer virtual, a qual revolucionou com ícones como "Super Mario".

"Não sei se vou conseguir zerar o "Super Smash Bros."", diz, um pouco envergonhado. O motivo é que ele sempre joga os títulos que desenvolve do início ao fim antes do lançamento.

No momento, toda a atenção de Miyamoto está concentrada na finalização do novo "The Legend of Zelda" e no lançamento internacional do novo modelo do Nintendo 3DS, quedeverá chegar ao Japão até o fim deste ano e apenas em 2015 na Europa e no resto do mundo.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasGamesIndústria eletroeletrônicaNintendoSmartphones

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes