Tecnologia

Microsoft e OpenAI investigam possível roubo de dados de IA por chinesa DeepSeek

DeepSeek, rival emergente da China, pode ter usado modelos da OpenAI para treinar sua própria inteligência artificial, aumentando a tensão entre EUA e China no setor de IA, diz Bloomberg

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 06h59.

A Microsoft e a OpenAI estão investigando se a startup chinesa DeepSeek obteve acesso indevido a dados dos modelos avançados da OpenAI, segundo informações divulgadas pela Bloomberg.

A suspeita é que a DeepSeek tenha usado uma técnica conhecida como destilação de modelos, que permite que uma inteligência artificial absorva conhecimento a partir das respostas geradas por outra, replicando sua capacidade sem acesso direto ao código-fonte.

Fontes próximas à investigação afirmaram à Bloomberg que pesquisadores de segurança da Microsoft identificaram, ainda no final do ano passado, um volume anormalmente grande de dados sendo extraído por indivíduos que, segundo eles, podem estar ligados à DeepSeek. A movimentação ocorreu através da API da OpenAI, que permite que desenvolvedores integrem os modelos da empresa a seus próprios aplicativos mediante pagamento.

A Microsoft notificou imediatamente a OpenAI sobre a atividade suspeita. O uso excessivo da API pode indicar que a DeepSeek tentou contornar as restrições de acesso para obter dados privilegiados dos modelos de IA mais avançados do mundo. Se confirmada a violação, isso representaria uma infração grave dos termos de serviço da OpenAI e um possível caso de espionagem tecnológica no setor de IA.

Até o momento, a OpenAI não comentou o caso diretamente, e a Microsoft também não emitiu uma declaração oficial. A DeepSeek e o fundo de investimentos High-Flyer, onde a startup foi incubada, não responderam às solicitações de contato da Bloomberg.

O crescimento da DeepSeek e a ameaça às big techs

A DeepSeek se tornou um dos principais nomes da nova geração de startups chinesas de inteligência artificial, rivalizando com gigantes como OpenAI, Google e Meta. No início deste mês, a empresa lançou o R1, um modelo de código aberto projetado para imitar a capacidade de raciocínio humano.

De acordo com a DeepSeek, o R1 supera ou iguala o desempenho dos modelos mais avançados dos EUA em tarefas de matemática e conhecimento geral, além de ter sido desenvolvido a um custo significativamente menor. Esse avanço representa uma ameaça direta ao domínio das empresas americanas no setor, provocando quedas expressivas no valor de mercado das principais companhias ligadas à IA.

Após o anúncio do DeepSeek R1, ações de gigantes como Microsoft, Nvidia, Oracle e Alphabet (Google) despencaram na última segunda-feira, resultando em uma perda de quase US$ 1 trilhão em valor de mercado.

O que diz o governo dos EUA

A suspeita de que a DeepSeek possa ter usado modelos da OpenAI para treinar sua IA rapidamente se tornou um assunto de interesse do governo americano. David Sacks, assessor de inteligência artificial do ex-presidente Donald Trump, afirmou à Fox News que há “evidências substanciais” de que a DeepSeek se apropriou do conhecimento dos modelos da OpenAI para desenvolver o R1.

Sacks afirmou que a DeepSeek teria utilizado uma técnica chamada destilação, em que um modelo de IA aprende a partir das respostas geradas por outro, adquirindo conhecimento de forma indireta. Segundo ele, essa abordagem teria permitido à startup chinesa criar uma tecnologia competitiva sem ter acesso direto aos modelos da OpenAI.

A OpenAI respondeu com um comunicado oficial, sem mencionar diretamente a DeepSeek, mas admitindo que empresas da China e de outros países frequentemente tentam extrair conhecimento de seus modelos.

A empresa destacou que adota contramedidas para proteger sua propriedade intelectual e reforçou a necessidade de trabalhar em conjunto com o governo dos EUA para evitar que adversários se apropriem da tecnologia americana.

Disputa EUA x China

O caso DeepSeek vs. OpenAI reforça um fenômeno que vem se intensificando nos últimos anos: a inteligência artificial se tornou um dos principais campos de disputa entre Estados Unidos e China. Se antes a preocupação girava em torno do 5G e da Huawei, agora a batalha tecnológica se desloca para a corrida pelo desenvolvimento dos modelos de IA mais poderosos do mundo.

O que está em jogo é a supremacia tecnológica global. Quem dominar a IA terá controle sobre setores estratégicos como segurança cibernética, defesa, economia digital e automação industrial. Além disso, os modelos de IA estão no centro do debate sobre desinformação e influência política, algo que preocupa governos ocidentais. A China vem apostando pesado em startups como a DeepSeek, enquanto os EUA tentam proteger suas big techs e impedir a transferência de tecnologia para concorrentes estrangeiros.

O futuro da investigação da Microsoft e OpenAI contra a DeepSeek ainda é incerto, mas alguns cenários são possíveis. Se for comprovada uma violação dos termos de serviço, a OpenAI pode processar a DeepSeek e até buscar restrições no uso de sua tecnologia.

O governo dos EUA pode usar esse caso para endurecer ainda mais as restrições contra startups chinesas de IA, assim como fez com a Huawei no passado. O episódio pode acelerar ainda mais os investimentos dos EUA em IA, na tentativa de manter sua vantagem competitiva diante do crescimento chinês.

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