Tecnologia

Meta abandona programa de verificação de fatos por ser "politicamente tendencioso"

Mudança será inicialmente implementada nos EUA e reflete estratégia de Mark Zuckerberg de evitar controvérsias políticas e sociais

Mark Zuckerberg: o CEO da Meta quer ficar longe de temas políticos (BRENDAN SMIALOWSKI/Getty Images)

Mark Zuckerberg: o CEO da Meta quer ficar longe de temas políticos (BRENDAN SMIALOWSKI/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 12h09.

Última atualização em 7 de janeiro de 2025 às 15h12.

A Meta anunciou nesta terça-feira, 7, o fim de suas parcerias com organizações de checagem de fatos para moderar conteúdo na plataforma Facebook, marcando uma mudança significativa na abordagem da empresa em relação à disseminação de informações.

Em vez de contar com verificadores independentes, a Meta confiará em um sistema de "Notas de Comunidade", onde os próprios usuários poderão adicionar correções e informações a postagens potencialmente enganosas. A mudança, inspirada no modelo usado pelo X (antigo Twitter) de Elon Musk, será implementada inicialmente nos Estados Unidos. A mudança também inclui a transferência dos times de confiança e segurança da Califórnia para o Texas.

Musk planeja investimento em educação com abertura de escola infantil no Texas

"Vamos eliminar os fact-checkers para substituí-los por notas da comunidade semelhantes às do X, começando pelos Estados Unidos", escreveu Mark Zuckerberg, CEO da Meta, em suas redes sociais. Ele criticou o sistema anterior, afirmando que "há muitos erros e censura demais" e que a decisão reflete um retorno às raízes da empresa em prol da liberdade de expressão.

Essa mudança ocorre em meio à volta de Donald Trump à Casa Branca, um contexto que coloca as grandes empresas de tecnologia sob intenso escrutínio político. Ao mesmo tempo, reflete o afastamento progressivo de Zuckerberg de pautas politicamente sensíveis, parte de uma estratégia para reduzir o foco em disputas ideológicas que têm gerado controvérsias para a Meta.

O movimento reflete o afastamento progressivo de Mark Zuckerberg, CEO da companhia, de pautas políticas e sociais que anteriormente estavam no centro de suas iniciativas, tanto na Meta quanto na Chan Zuckerberg Initiative (CZI), a fundação de filantropia que conduz com sua esposa.

Após enfrentar críticas de todos os lados do espectro político, ele passou a evitar debates públicos sobre temas polêmicos e a redirecionar esforços internos para áreas menos polarizadoras, como ciência e educação. Essa transição, no entanto, não tem sido isenta de controvérsias, especialmente considerando o papel da Meta na moderação de conteúdo e no impacto da plataforma nas democracias ao redor do mundo.

Na CZI, por exemplo, a decisão de recuar de pautas progressistas começou a se consolidar em 2021, após protestos de funcionários e pressões externas sobre a posição de Zuckerberg em relação a questões como o racismo estrutural e a regulação de comentários na plataforma. Já na Meta, o executivo implementou políticas que limitam discussões internas sobre temas sociais e promoveu uma gestão mais focada na neutralidade pública.

O fim da checagem de fatos é mais um reflexo dessa estratégia: reduzir o envolvimento em temas que colocam a Meta no centro de disputas ideológicas. Essa postura, no entanto, levanta preocupações sobre o impacto da decisão em um momento em que o combate à desinformação continua sendo uma das maiores demandas sobre as grandes empresas de tecnologia.

Acompanhe tudo sobre:MetaInteligência artificial

Mais de Tecnologia

Como limpar o cache do navegador?

Como colocar senha no WhatsApp?

Musk planeja investimento em educação com abertura de escola infantil no Texas

China condena "repressão" contra suas empresas após inclusões em lista dos EUA