sudao (©afp.com / Trevor Snapp)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2013 às 11h44.
Mais de 1 bilhão de pessoas vivem sem eletricidade e 3 bilhões usam combustíveis perigosos para a saúde a fim de gerar energia, um sério obstáculo para o desenvolvimento e que demanda uma solução urgente, alertaram especialistas reunidos na Coreia do Sul.
O acesso à energia foi o tema que fechou nesta quinta-feira o Conselho Mundial de Energia (WEC, na sigla em inglês), realizado esta semana em Daegu, na Coreia do Sul.
A situação atual não é aceitável. Devemos parar de negar a realidade porque esse é um problema que deve ser motivo de preocupação para todo o planeta, é uma questão de paz social", declarou à AFP Marie-José Nadeau, uma canadense que sucede o francês Pierre Gadonneix na liderança do WEC.
"É um problema econômico e um problema educacional porque sem luz não se pode estudar à noite e sem corrente elétrica não há internet. Além disso, é um problema de pobreza e de saúde", afirmou, por sua vez, a diretora-geral da Agência Internacional de Energia (AIE), Maria van der Hoeven, em entrevista à AFP.
"Muitos países têm feito grandes progressos, como o México, a Tailândia, a China e a Índia, mas quando se sabe que na Indonésia 30% da população não têm acesso à eletricidade, é evidente que ainda há muito a fazer", afirma.
De acordo com a AIE, cerca de 1,5 bilhão de pessoas não têm acesso à energia elétrica e 2,8 bilhões cozinham com combustíveis altamente poluentes (madeira, querosene, carvão), cuja fumaça produzida na combustão pode provocar graves consequências para a saúde.
"A contaminação do ar dentro das casas devido à falta de acesso à energia provoca quatro milhões de mortes prematuras por ano", cuja maioria é de crianças e mulheres, destacou Kandeh Yumkella, que dirige o programa "Energia duradoura para todos", lançado no ano passado pela ONU.
"Para combater a pobreza, é preciso resolver primeiro o problema do acesso à energia", acrescenta.
Para isso, de acordo com especialistas, todas as tecnologias necessárias precisam ser utilizadas para levar energia elétrica para as zonas rurais e isoladas.
Vijay Iyer, diretor do Banco Mundial, cita os exemplos do Vietnã e da Tunísia, que têm realizado programas de ampliação do acesso à eletricidade bem-sucedidos.
O amplo acesso à energia é possível, mas exige um esforço enorme e precisa ser alinhado em todos os níveis, do governo aos cidadãos, passando pelas empresas e as instituições internacionais.
O WEC convocou todos os governos a se esforçar para o cumprimento desta tarefa. Segundo seus cálculos, no ritmo em que o acesso à energia tem sido ampliado, "entre 730 e 880 milhões de pessoas continuarão sem acesso à eletricidade em 2030, principalmente na África subsaariana". Em 2050, serão entre 319 e 530 milhões de habitantes nessa situação.
Não se trata de caridade, diz Yumkella, que incentiva as multinacionais de energia a aproveitarem as "oportunidades econômicas e de investimento na criação de novos mercados e empregos.
Isso depende de uma mobilização local, ressalta Bunker Roy, fundador da ONG indiana Barefoot College, que treina "idosos africanos analfabetos para torná-los uma espécie de engenheiros solares", capazes de instalar painéis fotovoltaicos em seus povoados.