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Vamos ter um supercomputador em casa?

Medicina: supercomputadores viabilizam o sequenciamento do genoma humano

supercomputadores (iStock)

supercomputadores (iStock)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2013 às 13h45.

“Não há razão para que alguém queira ter um computador em casa.” A afirmação foi feita em 1977 por Ken Olsen, presidente e fundador da DEC, uma das primeiras empresas no mundo a fabricar mainframes – computadores com grande capacidade de processamento. A previsão, é claro, não se confirmou. Mais de três décadas depois, as pessoas não só têm diversos PCs em suas casas, como os carregam em bolsos e mochilas, em forma de smartphones, tablets e notebooks.

De acordo com Nelson Oliveira dos Santos, pesquisador de supercomputação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a afirmação de Olsen parece absurda hoje, mas fazia sentido na década de 1970, quando só grandes empresas investiam em computadores. “Este cenário se repete quando falamos de supermáquinas capazes de ocupar até uma centena de metros quadrados e fazer quatrilhões de operações por segundo”, diz Santos. Ele se refere aos equipamentos hoje restritos a instituições acadêmicas e centros de pesquisa, como unidades de análise meteorológica, que precisam fazer cálculos complexos. “O rápido avanço da supercomputação no mundo e a crescente necessidade de pequenas e médias instituições processarem grandes volumes de dados pressionarão a indústria a criar supercomputadores que possam ser instalados em data centers e compartilhados por várias empresas ou mesmo usados dentro de casa”, diz Santos.

O que é um supercomputador
Em termos simplificados, podemos dizer que um computador de alta performance (HPC, na sigla em inglês) é uma máquina capaz de processar dados em uma velocidade milhões de vezes superior a de um bom PC doméstico. Para se ter uma ideia, enquanto um computador usado em casa ou no trabalho é capaz de executar alguns milhões de cálculos por segundo, um supercomputador realiza quatrilhões de operações na mesma unidade de tempo – medida expressa em petaflop.

No Brasil, por exemplo, essa enorme capacidade computacional está disponível apenas para algumas instituições, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que usa esses recursos para prever o tempo. A Petrobras também possui alguns supercomputadores para realizar simulações e cálculos em operações extremamente complexas, como a exploração de óleo e gás em águas profundas.

De acordo com Santos, em até cinco anos, a redução nos custos dos supercomputadores e sua diminuição de tamanho permitirão também que hospitais, clínicas médicas e pequenos fabricantes industriais tenham acesso a essa tecnologia. “A medicina exigirá maior capacidade de processamento para sequenciar genomas, criar tratamentos personalizados e combater o câncer e outras doenças”, diz o especialista.

Fabricantes de veículos, autopeças e a indústria de construção civil também podem se beneficiar, gastando menos recursos com testes físicos, já que peças hoje destruídas em simulações de acidentes e testes de impacto poderão ser poupadas. “Essas operações poderão ser substituídas por experimentos virtuais. Com um supercomputador, você simula todas as reações de um carro em situações adversas, sem precisar que ele seja exposto a intempéries ou chocado contra uma parede”, diz Santos.

Supercomputação ao alcance
É provável que, em longo prazo, essas máquinas cheguem aos lares, ainda que por meio da locação de serviços de supercomputação em nuvem. Essa tendência deverá tornar o ser humano muito mais capaz de prever o futuro e simular cenários.

Além da viabilização de custos, a supercomputação precisará de uma fonte de energia limpa e abundante para suportar o enorme crescimento da demanda por processamentos e, claro, o resfriamento das máquinas. Desafios, no entanto, que não deverão impedir a consolidação dessa tendência.

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