Caminhão de carga e descarga: colosso elétrico enfrentará condições ambientais severas. (EMPA/Divulgação)
Vanessa Barbosa
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 11h53.
Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 12h02.
São Paulo - Ninguém dúvida que os carros elétricos vieram para ficar. Mas a busca por uma motorização mais limpa vai muito além das estradas. Prova disso é o maior veículo elétrico do mundo, um caminhão de carga e descarga que está sendo desenvolvido para o trabalho na indústria pesada.
O veículo pesa 45 toneladas quando vazio e possui capacidade de carga para mais 65 toneladas. Para alcançar a cabine, o motorista tem que subir sete escadas — só os pneus medem quase dois metros de diâmetro.
A energia para mover esse colosso vem de um conjunto de baterias com 700 kWh de capacidade de armazenamento, o que equivale a oito carros Tesla Model S. No total, o conjunto de baterias pesará 4,5 toneladas e consistirá em 1.440 células de níquel-manganês-cobalto.
No entanto, nem tudo no veículo é novo: o modelo elétrico está sendo desenvolvido a partir de um caminhão usada da marca Komatsu. O motor a diesel já foi removido para dar lugar às baterias, que devem alimentar o veículo na segunda metade de sua vida útil.
O caminhão elétrico será responsável pelo transporte de material e entulhos em uma pedreira localizada nos Alpes Chasseral, em Berna, na Suíça. Ele realizará ao menos 20 viagens ao dia, subindo e descendo terrenos inclinados sob condições ambientais severas.
Em um primeiro momento, pode parecer contra-intuitivo utilizar motorização elétrica em condições tão duras. Porém, a tecnologia mais limpa traz vantagens importantes para estas jornadas: durante a descida carregada de materiais, o gigantesco motor elétrico funciona como um gerador que recarrega a bateria a partir da frenagem, transformando energia cinética em elétrica. O caminhão, então, usa essa energia para retornar vazio à colina.
E mais: se tudo sair como planejado, o caminhão de descarga elétrico será capaz de produzir mais eletricidade na descida do que precisa para a subida. Ou seja, em vez de consumir combustíveis fósseis, como o diesel, ele ainda poderá fornecer energia extra para a rede.
A investida é fruto de uma parceria entre um consórcio suíço de empresas, que inclui o Grupo Kuhn, revendedor de caminhões de descarga, e cientistas do instituto suíço de pesquisa em tecnologia em ciência de materiais EMPA.