Macaca Bonobo (©afp.com / Franziska Kraufmann)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2013 às 13h33.
Os macacos bonobos jovens consolam seus pares angustiados por uma experiência desagradável com condutas muito similares às observadas em crianças, revelou uma pesquisa realizada por cientistas americanos.
Estas observações são importantes para a história da evolução humana, mostrando que o mesmo quadro sócio-emocional funciona para os grandes primatas, afirmaram Zanna Clay e Frans de Wall, do Centro de Pesquisa Nacional de Primatas Yerkes, da Universidade de Emory (Geórgia, sudeste dos Estados Unidos), autores do estudo publicado nas Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS).
A pesquisa divulgada esta semana foi realizada em um santuário de primatas na República Democrática do Congo, com filmagens que permitiram analisar a vida social cotidiana dos bonobos e ver como lidavam com suas próprias emoções e regiam às dos demais.
Os cientistas descobriram que os bonobos ('Pan paniscus'), também chamados de chimpanzés pigmeus ou chimpanzés anões, se recuperavam rapidamente e facilmente de suas frustrações emocionais e mostravam empatia pelos seus companheiros infelizes, consolando-os fisicamente, com abraços ou acariciando-os.
Se a forma pela qual os bonobos lidam com suas emoções permite prever como reagem em relação aos demais, isto indica uma capacidade de se controlar emocionalmente e evitar explosões, de acordo com os pesquisadores.
Nas crianças, o controle das emoções é fundamental para uma socialização saudável, uma capacidade que depende, sobretudo, de um vínculo estável entre os pais e a criança. Isto explica por que os humanos órfãos frequentemente têm mais dificuldades de controlar o que sentem, indicaram.
O mesmo fenômeno foi constatado nos bonobos do santuário, onde um grande número destes macacos perdeu a mãe assassinada por caçadores.
Em comparação com os bonobos criados por suas próprias mães, os jovens primatas órfãos lutavam para controlar suas emoções, disse Clay.
Segundo o observado, os animais que perderam suas mães demoravam muito mais tempo para se recuperar emocionalmente. "Estavam muito chateados e gritavam durante vários minutos depois de receberem um golpe, em comparação com os bonobos jovens criados por sua mãe, que só agiam desta forma por alguns segundos", disse esta zoóloga.
Os bonobos, tão similares geneticamente aos humanos quanto os chimpanzés, também são considerados os mais empáticos, assim como estes grandes macacos.
"Isto faz com que a espécie seja uma candidata ideal para as comparações psicológicas", disse De Waal.
"Qualquer similaridade fundamental entre os humanos e os bonobos provavelmente remonta ao seu antepassado comum que viveu há seis milhões de anos", acrescentou.