Tecnologia

Livro relaciona apps de mensagens com eleição de Bolsonaro

Obra chamada "A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI" indica que WhatsApp, Facebook e Twitter foram cruciais nas eleições

Bolsonaro: Livro lista fatores que levaram presidente ao poder (Lura Editoral/Divulgação/Reprodução)

Bolsonaro: Livro lista fatores que levaram presidente ao poder (Lura Editoral/Divulgação/Reprodução)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 3 de setembro de 2019 às 05h55.

Última atualização em 3 de setembro de 2019 às 22h53.

São Paulo – Os aplicativos de mensagens aparecem como parte dos elementos que levaram à eleição de Jair Bolsonaro como presidente da República Federativa do Brasil. É isso que indica um novo livro sobre as eleições presidenciais de 2018, "A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI" (Lura Editorial), escrito pelo jornalista Cesar Calejon e pelo repórter fotográfico Adriano Vizoni, do jornal Folha de S. Paulo.

Para Calejon, esse foi um dos cinco pilares da estratégia que levou Bolsonaro ao poder, junto ao sentimento de antipetismo, ao elitismo histórico, ao dogma religioso – que cativou a bancada evangélica – e o sentimento de antissistema.

"Os aplicativos criptografados de mensagens formaram um pilar fundamental da ascensão do Bolsonamismo em 2018. Para o livro, entrevistei Alexandre Inagaki, chefe de comunicação digital do Geraldo Alckmin. Ele me disse que a produção de conteúdo seria para Facebook, mas logo notaram que o que ia viralizar mesmo era o WhatsApp. Quem percebeu esse movimento se beneficiou", declarou o autor, em entrevista a EXAME. "O WhatsApp tem uma característica particular: é difícil verificar quais conteúdos compartilhados por usuários lá são verdadeiros ou falsos. E mesmo o que é falso se propaga porque o conteúdo é raso e usa o apelo da gozação. O Bolsonaro não existiria como candidato sem essas novas ferramentas digitais na campanha", afirma.

Bolsonarismo Livro

Bolsonarismo: tendência foi puxada por cinco fatores, indica livro (Lura Editorial/Divulgação)

Calejon diz que a propagação de notícias falsas com discurso de ódio direcionadas ao candidato petista foi um ponto que ajudou Bolsonaro a vencer Fernando Haddad nas urnas eletrônicas, em outubro do ano passado.

As tendências indicadas pelos autores no livro foram verificadas com base em pesquisas, entrevistas e observação do cenário político-social brasileiro ao longo dos últimos anos. Vizoni acompanhou a maioria das manifestações que são citadas no livro.

O livro foi lançado na Bienal do Livro do Rio de Janeiro no último sábado (31) e está disponível em livrarias com preço sugerido de 35,90 reais.

Durante a campanha presidencial, o WhatsApp tomou algumas medidas para minimizar o impacto da viralização de links, como a liberação de um recurso que mostrava que uma determinada mensagem havia sido encaminhada, e não escrita especialmente para o destinatário. Neste ano, o aplicativo limitou o encaminhamento de mensagens a apenas cinco contatos por vez, e também passou a testar uma integração com o Google para realizar pesquisas de imagens, de modo que os usuários do app possam, rapidamente, verificar a veracidade de um meme na internet.

Acompanhe tudo sobre:AppsFacebookJair BolsonaroTwitterWhatsApp

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes