O Kindle Fire pode obrigar os outros fabricantes de tablets com Android a baixar seus preços (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2011 às 11h35.
São Paulo — A Amazon anunciou, nesta quarta-feira (28), o Kindle Fire, que muitos viram como concorrente do iPad 2. Engano. O aparelho vai competir mesmo é com Galaxy Tab e companhia, que vão sofrer com a concorrência.
Com um preço agressivo de 199 dólares, a Amazon conseguiu criar o primeiro tablet superbarato e, à primeira vista, decente da história. Até agora, nenhum dos principais fabricantes associados ao Android conseguiu ou quis repetir esse feito. Samsung, Motorola, Acer e Asus criaram modelos que não fogem muito do valor do iPad 2, com configurações parecidas e um grande problema em comum: a falta de conteúdo.
Hoje, praticamente não há jornais e revistas para os tablets com Android. O Google também não conseguiu montar uma loja de MP3 e o serviço de vídeos criado este ano, disponível apenas nos Estados Unidos, só permite alugar filmes. Há o Google Books, mas seu acervo ainda é mais limitado do que o da Amazon e também vale só na terra do Tio Sam. Esses problemas forçam o dono de um tablet com Android a procurar aplicativos de terceiros, capazes de preencher o vazio. Nesse ponto, a Apple – que conta com iTunes Store e App Store e exige só um login para tudo – não tinha concorrentes à altura. Até agora.
Com conteúdo capenga, os tablets com Android tinham a seu favor sua configuração (em alguns casos) ou um ou outro recurso extra (USB, DLNA, teclado retrátil, etc). Mas, para usuários leigos, esse idioma é grego. Pessoas comuns querem um tablet que traga um universo dentro de si e ainda seja fácil de usar. Foi justamente isso que garantiu o sucesso da Apple, que até hoje detém quase 70% desse mercado. O iPad e seu ecossistema tornaram-se uma solução, enquanto sobram lacunas nos rivais.
O Kindle Fire não sofre desses males. Como funciona associado aos serviços da Amazon, qualquer pessoa com uma conta na loja virtual poderá comprar e baixar milhares de filmes, músicas, livros e revistas, de modo fácil e intuitivo. A Amazon usou o Android como base, mas reconstruiu a interface radicalmente e tirou qualquer referência ao Google e seus serviços. Criou, assim, um aparelho multimídia que pode ter menos recursos do que os concorrentes, mas cumpre bem o seu propósito. Tudo isso só está disponível, claro, nos Estados Unidos.
As primeiras vítimas da estratégia da Amazon serão os tablets xing-ling, que custam quase a mesma coisa e pecam pela qualidade. Em seguida serão derrubados os tablets com Android. Eles terão de custar bem menos e os fabricantes vão precisar pressionar o Google para melhorar o conteúdo associado. Por último, o Kindle Fire vai chamuscar o iPad. A Apple perderá menos porque já se estabeleceu no mercado e seu produto virou sinônimo de tablet. O Kindle Fire é o único com uma marca forte o suficiente para competir. Os outros vão ter de se virar – e rápido.