A Apple corrigiu a falha que permitiu a infecção pelo malware Flashback, mas os especialistas dizem que a empresa demorou demais para reagir (Divulgação)
Maurício Grego
Publicado em 26 de abril de 2012 às 12h15.
São Paulo — A Apple vem sendo alvo de críticas desde que o malware Flashback/Flashfake infectou centenas de milhares de computadores Mac, há alguns dias. Para muitos especialistas, a empresa demorou demais para reagir. Nesta semana, Eugene Kaspersky, o fundador da empresa russa Kaspersky, subiu o tom das críticas: “Em segurança, a Apple está dez anos atrás da Microsoft”, disse ele.
A frase é parte de uma entrevista à publicação britânica Computer Business Review. A epidemia do Flashback/Flashfake é o caso mais grave, até agora, envolvendo os computadores da maçã. Segundo estimativas da Sophos, outra empresa de segurança, 600 mil Macs chegaram a ser atingidos por ela.
Uma contagem mais recente apontou para 180 mil máquinas contaminadas, sendo mais de 2 mil no Brasil. Elas integram uma rede de computadores escravos, que podem ser comandados à distância pelos criminosos para realizar ataques e propagar spam. A Apple corrigiu a falha de segurança que permitia a contaminação e liberou uma ferramenta para remover o malware do Mac.
Reação lenta
Mas a reação parece ter demorado demais. Uma prova disso é que várias empresas de segurança – incluindo a Kaspersky – liberaram ferramentas de correção antes da própria Apple. Na análise de Kaspersky, a empresa da maçã foi pega de surpresa. É aí que surge a comparação com a Microsoft.
Os PCs são alvo de vírus e outras pragas desde o jurássico tempo do MS-DOS. E a Microsoft foi obrigada a tomar providências, reforçando a segurança e liberando atualizações frequentes para corrigir as falhas. Como, no passado, os vírus para Mac eram raros, a Apple não precisava ter esse tipo de preocupação.
Mas isso está mudando. “Os criminosos perceberam que o Mac é um alvo interessante. Agora, temos mais ameaças. Não é só o Flashback ou o Flashfake”, diz Kaspersky. Para ele, a Apple está entrando no mesmo mundo onde a Microsoft já estava há mais de dez anos – um mundo cheio de malware.
Uma consequência disso é que a Apple será obrigado a mudar sua abordagem em relação à segurança, como fez a Microsoft no passado. A empresa da maçã terá de fazer atualizações mais frequentes do Mac OS X e adotar outras medidas de proteção.
Gatekeeper
Uma dessas medidas já foi anunciada e deverá estar na próxima versão do sistema operacional do Mac, o OS X Mountain Lion. Trata-se do Gatekeeper, um recurso que impede a instalação de programas que não tenham sido criados por um desenvolvedor autorizado pela Apple. O objetivo, é claro, é dificultar a entrada de malware no Mac.