iPhone 5c em exposição em uma loja da Apple em Madri, na Espanha (Angel Navarrete/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2014 às 22h59.
San Francisco - A Apple raramente é a primeira a lançar novas tecnologias, embora seja capaz de criar grandes categorias de produto.
A empresa fez isso com os iPods no mercado de reprodutores de MP3 em 2001, com os iPhones no segmento de smartphones em 2007 e com os iPads entre os tablets, em 2010.
Agora, a companhia com sede em Cupertino, Califórnia, EUA, tentará repetir o feito com os aparelhos de vestir, um grupo crescente de dispositivos que monitoram as atividades e a saúde das pessoas.
A Apple lançará um aparelho de vestir juntamente com novos iPhones em 9 de setembro, disse uma fonte com conhecimento dos planos. Os avisos do evento, que também será realizado em Cupertino, foram enviados ontem.
A Apple preferiu não comentar nada além do que escreveu no convite enviado por e-mail, que dizia: “Gostaríamos de poder falar mais”.
Embora empresas como Fitbit e Jawbone tenham feito algum progresso com o lançamento de aparelhos de vestir, as vendas globais dos monitores de atividade chegaram a apenas 13,6 milhões de unidades no ano passado, segundo a empresa de pesquisas Parks Associates.
Isso é aproximadamente o número de iPhones que a Apple vende em apenas um mês, o que dá ao CEO da empresa, Tim Cook, espaço para ampliar o tamanho do mercado.
O novo aparelho também dará o sinal mais claro em relação à direção que a empresa tomará sem Steve Jobs no comando. Cook, que assumiu há quase três anos, tem sido pressionado a mostrar que a empresa continuará entregando produtos inovadores.
“Como ele será percebido nos próximos anos é algo que será decidido nos próximos quatro meses”, disse Gene Munster, analista da Piper Jaffray Cos., que tem um rating equivalente a compra para as ações da Apple.
Impacto pequeno
A Apple dará um impulso ao novo aparelho de vestir unindo seu lançamento com o do principal produto da empresa, o iPhone.
A companhia também pode estar tentando administrar as expectativas quanto ao novo aparelho, sinalizando que trata-se apenas de mais um acessório em vez de uma categoria que se sustenta sozinha.
Como contraste, quando o iPad foi lançado, em 2010, a Apple realizou um evento especialmente para o produto.
É improvável também que um aparelho de vestir provoque tão cedo um grande impacto no balanço da Apple.
Katy Huberty, analista da Morgan Stanley, disse em julho que a Apple poderá vender 30 milhões a 60 milhões de aparelhos de vestir a um preço médio de US$ 300, gerando pelo menos US$ 9 bilhões em vendas adicionais.
Esse teria sido um grande impulso para a companhia quando o iPhone foi disponibilizado ao público, em 2007, momento em que a receita anual era de US$ 24,6 bilhões.
Atualmente, os analistas estão prevendo vendas de US$ 180,2 bilhões para o atual ano-fiscal, que termina no mês que vem.
A Apple simplesmente se tornou grande demais para que um novo produto como esse tenha um impacto financeiro significativo e imediato.
Marco importante
Ainda assim, a expectativa do evento deu um impulso às ações da Apple. Os papéis da empresa, que já é a maior do mundo em valor de mercado, fecharam em um valor recorde ontem, de US$ 102,25, com alta de 28 por cento neste ano.
Para experientes observadores da Apple, a decisão da companhia de lançar o produto no Flint Center for the Performing Arts, perto de sua sede, é um sinal de que o vê como um marco importante.
A instalação é o mesmo lugar onde Jobs lançou o computador Macintosh, em 1984, e depois o iMac colorido, que provocou no final dos anos 1990 um renascimento da empresa que dura até hoje.