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Jobs não se importava com os abusos, diz biógrafo

Walter Isaacson disse que o fundador da Apple dava de ombros para as denúncias contra seus fornecedores na China

Jobs teria dito sobre as denúncias da Foxconn: “Estou tentando manter o foco em coisas importantes e vocês vêm me falar de fábricas na Ásia” (Justin Sullivan/Getty Images)

Jobs teria dito sobre as denúncias da Foxconn: “Estou tentando manter o foco em coisas importantes e vocês vêm me falar de fábricas na Ásia” (Justin Sullivan/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2012 às 13h43.

São Paulo - Em visita a São Paulo, o biógrafo de Steve Jobs, Walter Isaacson, disse que o fundador da Apple dava de ombros para as denúncias de abusos contra seus fornecedores na China. Durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Isaacson afirmou que seu biografado simplesmente ignorava as coisas que não lhe pareciam importantes. “Ele mantinha o foco apenas no que desejava”, disse.

Segundo Isaacson, a Foxconn era um dos dois temas que tirava Jobs do sério. O biógrafo conta que, certa vez confrontado com denúncias de super exploração na China, Jobs teria dito: “Estou tentando manter o foco em coisas importantes e vocês vêm me falar de fábricas na Ásia”. Outro tema sensível para o cofundador da Apple era filantropia. Isaacson conta que a família de Jobs fazia muitas doações a entidades filantrópicas, porém sem publicidade.

Sempre que questionado sobre filantropia, diz Isaacon, Steve Jobs se irritava. Provocado, Jobs teria dito numa reunião que ao inventar o iPad e criar o iBooks faria muito mais pela educação do que todos os dólares de Bill Gates gastos em programas sociais.

O biógrafo defende a tese de que Jobs distorcia a realidade, eliminando de sua mente fatos incômodos. Esse traço de personalidade teria sido determinante no início dos anos 2000, quando Steve teve seu primeiro câncer diagnosticado. Jobs recusou-se a operar imediatamente e tentou um improvável tratamento à base de dieta vegetariana, um erro que certamente diminuiu seu tempo de vida.

Assim como sua doença, foi impossível ignorar os suicídios na Foxconn no médio prazo. No meio da crise de 2009, quando uma dezena de chineses se matou dentro das fábricas de iPhone, Jobs enviou Tim Cook, seu homem de confiança e futuro sucessor, para uma temporada em Shenzhen, na China. Cook entrevistou pessoalmente mil trabalhadores para tentar entender o que havia de tão ruim no trabalho daqueles operários.

O resultado desta ação foi um guia de boas práticas para os fornecedores da Apple. Ao que parece, no entanto, Cook segue Jobs e continua dando de ombros para os abusos na Ásia.

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