carro (©afp.com / KARYN POUPEE)
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2013 às 06h06.
O fato de um motorista ter boa visibilidade da estrada não é garantia de sua segurança ao volante. Para mitigar as falhas humanas, engenheiros eletrônicos japoneses conceberam diferentes tecnologias visuais, auditivas, táteis e, inclusive, olfativas.
"Uma ambulância se aproxima pela esquerda no próximo cruzamento", alerta o para-brisas do carro. O motorista compreende: ele precisa reduzir a velocidade e abrir passagem. Se não tivesse sido advertido, talvez teria freado no último momento, arriscando-se a sofrer um acidente.
Ao equipar um automóvel de câmeras, radares, sensores, microfones e outros componentes eletro-sensíveis capazes de se comunicar com o computador central ou com uma rede que inclua outros veículos, o automóvel adquire capacidades que o homem nunca terá. Por exemplo, um ser humano nunca terá uma visão de 360 graus ou muito menos será capaz de advertir sobre um ciclista ou um caminhão escondido atrás de um edifício em uma esquina próxima.
Essas tecnologias presentes no Salão de Transportes Inteligentes de Tóquio têm como objetivo tornar o ato de dirigir em uma experiência semi-automática, em um conceito desenvolvido principalmente pelas construtoras Nissan, Toyota e Honda, sem que por isso o motorista perca a sensação de que é ele quem reflete e toma a decisão final.
"O objetivo dos nossos equipamentos é permitir a condução de forma instintiva com um mínimo de elementos que maximizem as capacidades humanas", explicou o fabricante de rádios e de sistemas de radionavegação Pioneer, que deseja "facilitar a direção em uma posição confortável e com percepção natural da situação".
Um exemplo: ao projetar no para-brisas determinados dados como a direção a tomar, a presença de um pedestre a 50 metros e a velocidade do veículo, o motorista dispõe de grande quantidade de elementos visuais que seu cérebro levará em conta antes de agir. Os jovens acostumados aos videogames dominam esta grande quantidade de dados simultâneos e sabem reagir a partir disso.
A superposição de informações no para-brisas (comumente chamada 'realidade aumentada' ou AR) ou a projeção da imagem da rota em um painel/tela são grandes tendências atuais, que buscam aumentar a segurança, pois a visão do motorista permanece concentrada no caminho.
Muitos motoristas ouvem rádio e se isolam do ambiente sonoro externo que apresenta sinais úteis, como a proximidade de uma moto ou de um caminhão. A Pioneer desenvolveu um dispositivo de áudio que mistura os sons pertinentes do exterior a fim de alertar o interessado.
Também é muito importante saber se o motorista se encontra ou não em bom estado para dirigir.
Para isso, a empresa Denso projetou um analisador de olhar. Qual o percentual de abertura dos olhos? Para onde olham? O motorista está sonolento? Estes são alguns dos parâmetros levados em conta pelo aparelho antes de fazer um juízo de valor.
A Mitsubishi Electric vai ainda mais longe com o conceito do "Emirai", um automóvel do futuro que não só toma o pulso, mas também a temperatura facial do motorista, e emite um alerta em caso de anomalia.
Mas, para Yoshi Hasegawa, da Faculdade de Ciências e Tecnologias de Aichi, província onde fica a sede da Toyota, decifrar a sonolência do motorista e tentar acordá-lo não é suficiente para evitar o pior. Segundo ele, falta um sistema que se adapte realmente às suas reações.
Assim surgiu sua ideia: um leme equipado com câmera (para seguir os olhos, a atenção e o pulso), e botões de reação para permitir ao motorista provar que está alerta e preparado para dirigir.