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Jack Ma diz que China deve usar big data contra criminosos

Bilionário chinês Jack Ma, dono do Alibaba, recomendou que a maior agência de segurança da China use big data para prevenir crimes

Jack Ma: posição defendida pelo bilionário permite que empresas como o próprio Alibaba possam deter crimes antes que eles aconteçam (Getty Images)

Jack Ma: posição defendida pelo bilionário permite que empresas como o próprio Alibaba possam deter crimes antes que eles aconteçam (Getty Images)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 14h48.

Última atualização em 24 de outubro de 2016 às 14h49.

O bilionário chinês Jack Ma propôs que a maior agência de segurança do país utilize big data para prevenir crimes, apoiando o esforço inicial do país para construir um sistema on-line sem paralelos para vigiar seus mais de 1 bilhão de habitantes.

Os recursos de dados da China são praticamente incomparáveis entre seus pares globais e o policiamento não pode ocorrer sem a capacidade de analisar informações sobre seus cidadãos, disse o cofundador da Alibaba Group Holding em discurso publicado no sábado pela agência que policia o crime e opera os tribunais.

A postura de Ma se identifica com a do governo chinês, que está criando um sistema para coletar e analisar informações sobre cidadãos em um país que oferece garantias mínimas à privacidade.

Os recursos descritos por Ma também ressaltam o papel que empresas de tecnologia líderes -- incluindo a Alibaba -- podem desempenhar para ajudar a construir um sistema semelhante ao do filme “Minority Report”, de Steven Spielberg, no qual um Estado onisciente é capaz de deter crimes antes que eles aconteçam.

“É possível identificar os vilões de um filme imediatamente, mas como encontrar os da vida real?”, disse Ma no discurso, que foi publicado na conta oficial do WeChat da Comissão para Assuntos Políticos e Jurídicos. “Na era do big data, precisamos lembrar que nosso sistema jurídico e de segurança, com milhões de integrantes, também enfrentará mudanças.”

O esforço da China para eliminar ameaças à estabilidade está se expandindo para o reino da alta tecnologia. Por exemplo, o Partido Comunista incumbiu uma das maiores empreiteiras do ramo de defesa do país, a China Electronics Technology Group, de desenvolver um software que coleta hábitos de consumo e comportamentos dos cidadãos para prever atos terroristas.

Um projeto de lei de segurança cibernética revelado em julho do ano passado concede ao governo acesso quase irrestrito aos dados dos usuários em nome da segurança nacional.

Novas leis antiterrorismo que entraram em vigor em 1º de janeiro permitem que as autoridades tenham acesso a contas bancárias, às telecomunicações e a uma rede nacional de câmeras de vigilância chamada Skynet.

“Eu imagino que Jack Ma não veja benefícios apenas em gozar das boas graças do governo monitorando cidadãos ativamente por meio de análise de dados. É também, sem dúvida, uma oportunidade de negócio”, disse Jason Ng, pesquisador em Nova York do Citizen Lab, que realizou estudos que expõem a frágil segurança da informação entre as companhias chinesas.

“Sem algum nível de transparência, supervisão e limites claros, eu fico profundamente preocupado com os direitos dos cidadãos e com a capacidade de usar essa tecnologia simplesmente como mais um método para identificar e monitorar indivíduos chineses que ousam discordar das autoridades.”

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