Tecnologia

Itautec corre atrás do tempo perdido e tenta se internacionalizar

Há 15 anos a Itautec partiu para Portugal com o objetivo de vender seus sistemas de automação bancária para um banco português com o qual o Itaú tinha negócios na época. A transação não vingou, mas uma conversa no lobby de um hotel abriu as portas para a empresa brasileira se tornar líder de automação […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h18.

Há 15 anos a Itautec partiu para Portugal com o objetivo de vender seus sistemas de automação bancária para um banco português com o qual o Itaú tinha negócios na época. A transação não vingou, mas uma conversa no lobby de um hotel abriu as portas para a empresa brasileira se tornar líder de automação comercial naquele país. O empresário português Belmiro de Azevedo estava preste a abrir uma rede de supermercados. Sim, estamos falando do Sonae. Azevedo perguntou: mas se vocês fazem automação bancária, por que não fazem automação comercial? . Assim foram criados os primeiros caixas dos supermercados Sonae, a área de automação comercial da Itautec e a Banctec, em Portugal. (A subsidiária portuguesa não recebeu o mesmo nome da matriz, porque um brasileiro curiosamente chamado Vivaldo havia registrado a marca Itautec em Portugal. Sem chegar a um acordo com o tal Vivaldo, a Itautec nomeou a filial de Banctec.)

Pois bem, 15 anos se passaram e a empresa não se expandiu para o resto da Europa, tampouco entrou no mercado de automação bancária por lá. Fundada há 23 anos para desenvolver e implementar sistemas de automação no Banco Itaú, a Itautec é um exemplo emblemático da miopia dos empresários do setor de tecnologia no Brasil em relação à conquista de mercados externos.

A empresa conta com dois ativos que poderiam tê-la feito uma grande exportadora de tecnologia da informação. Primeiro: a Itautec pertence a um dos maiores grupos financeiros do país. Isso ajuda a demolir uma das principais barreiras que impedem pequenas e médias empresas de vender no exterior: a desconfiança dos compradores estrangeiros em relação à longevidade do fornecedor.

Segundo: o fato de atuar em um segmento em que o Brasil é reconhecido como referência tecnológica, o setor bancário. Apartada do banco Itaú há 18 anos, a empresa o opera cerca de 44 000 caixas eletrônicos no país, sendo que mais da metade não pertence ao Itaú, mas a clientes como o ABN-Amro, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Seus 350 funcionários de desenvolvimento de software também atacaram a área de internet-banking.

Hoje, a Itautec tenta se internacionalizar para não perder competitividade. Há cerca de um mês a empresa contratou um executivo cuja missão é abrir espaço na área de automação bancária no mercado europeu. Nesse momento, embora a Itautec não confirme, sabe-se que há uma negociação para a compra de uma empresa espanhola que reforçará a presença da brasileira no ramo de automação bancária no velho continente. O México também está na mira da Itautec. Há poucas semanas, um executivo brasileiro foi transferido para lá, assim como dois outros brasileiros rumaram para a África para discutir a parceria com uma empresa sul-africana que presta serviços para o setor bancário. Em todos os casos o objetivo é o mesmo: prospectar oportunidades de negócio.

Mas por que a Itautec não fez isso antes? "Por uma questão de mentalidade", diz Gabriel Marão, vice-presidente da empresa. "A política nacional sempre foi substituir importações, não exportar."

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