Bandeiras do Irã: o país quer bloquear os apps de mensagens (Morteza Nikoubazl/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2014 às 17h25.
A justiça iraniana deu um mês ao governo para proibir os aplicativos de comunicação gratuitos Viber, Tango e WhatsApp, depois de mensagens consideradas insultantes ao fundador da República Islâmica, aiatolá Ruhollah Khomeini, informou neste sábado a imprensa local.
"Depois da ordem dada pelo chefe do poder judiciário, vocês têm um mês para adotar as medidas técnicas com o objetivo de proibir e controlar as redes" Viber, Tango e WhatsApp, escreveu Gholamhossein Mohseni-Ejeie, número dois da Justiça iraniana em uma carta ao ministro das Telecomunicações, Mahmud Vaezi.
No documento, divulgado pela imprensa iraniana, Mohseni-Ejeie condena "as mensagens contra a moral islâmica e, em particular, contra o fundador da República Islâmica que circularam pelas redes Viber, Tango e WhatsApp" nas últimas semanas.
Para essa autoridade, as mensagens são criminosas.
Mensagens parecidas contra as atuais lideranças, principalmente o guia supremo aiatolá Ali Khamenei, também circularam nessas redes que, segundo a imprensa, são utilizadas por milhões de iranianos.
Se o Ministério das Telecomunicações não adotar as medidas necessárias, a justiça vai intervir diretamente para "proibir as redes sociais que tenham um conteúdo criminoso", acrescentou Mohseni-Ejeie.
As autoridades já censuram o Facebook, o Twitter e o YouTube, e monitoram milhões de sites de caráter político ou sexual.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, um religioso moderado, defende mais liberdade política e cultural, principalmente a abertura da , mantendo o respeito aos valores da República Islâmica.
Há duas semanas, ele considerou que a censura na contraproducente e que é preciso "dialogar e persuadir para reforçar a moral social".
"Alguns pensam que é possível reduzir os problemas construindo muros. Vocês criam filtros, eles criam proxys. Isso não funciona", disse.
Uma recente decisão do governo de estender a licença 3G a duas grandes operadoras de telefonia iranianas provocou polêmica, com alguns conservadores manifestando sua preocupação relacionada à possibilidade de os usuários utilizarem os recursos de vídeo.
O Ministério das Telecomunicações confirmou que os serviços de videofonia não seriam abertos em território iraniano.
De acordo com um recente estudo realizado pelo Ministério dos Esportes e da Juventude, quase 70% dos jovens iranianos utilizam programas específicos para evitar a censura.