iPhone: acionistas querem que Apple investigue se smartphone vicia (David Paul Morris/Bloomberg)
Victor Caputo
Publicado em 8 de janeiro de 2018 às 16h09.
Última atualização em 8 de janeiro de 2018 às 16h11.
Duas grandes acionistas da Apple temem que as qualidades hipnotizantes do iPhone tenham promovido uma crise de saúde pública que poderia fazer mal às crianças -- e também à empresa.
Em carta à fabricante de smartphones com data de 6 de janeiro, a investidora ativista Jana Partners e o Sistema da Aposentadoria dos Professores do Estado da Califórnia instaram a Apple a criar mecanismos para que os pais possam restringir o acesso das crianças aos seus telefones celulares. Querem também que a empresa estude os efeitos do uso intenso do aparelho na saúde mental.
“Há crescentes evidências de que, pelo menos para alguns jovens usuários mais frequentes, isto pode estar gerando consequências negativas involuntárias”, diz a carta dos investidores, que, juntos, detêm cerca de US$ 2 bilhões em ações da Apple. O “crescente desconforto social”, diz a carta, “em algum momento provavelmente afetará até mesmo a Apple”.
“A solução da questão agora aumentará o valor para todos os acionistas a longo prazo”, diz a carta.
Um porta-voz da Apple preferiu não comentar a carta. O assunto foi publicado anteriormente pelo Wall Street Journal.
Esse é um problema que a maioria das empresas estaria louca para ter: jovens que gostam demais de um produto. Mas como os smartphones se tornaram onipresentes, autoridades de governo e também o Vale do Silício têm buscado formas de limitar sua natureza invasiva.
A França, por exemplo, decidiu proibir o uso de smartphones nas escolas do Ensino Fundamental. Enquanto isso, o cofundador do Android Andy Rubin busca aplicar inteligência artificial aos telefones para que realizem tarefas relativamente rotineiras sem a necessidade de serem manipulados fisicamente.
A Apple já oferece alguns controles aos pais, como o recurso Pedir para Comprar, que exige a aprovação dos pais para a compra de bens e serviços. É possível restringir também o acesso a alguns aplicativos, a conteúdos e ao uso de dados.
A pressão de investidores ativistas é a mais recente de uma série de desafios para a gigante da tecnologia. Na semana passada, a Apple, que tem sede em Cupertino, Califórnia, informou que todos os seus computadores Mac e dispositivos iOS, como iPhones e iPads, enfrentavam vulnerabilidades de segurança devido a chips defeituosos fabricados pela Intel.
No fim de 2017, a empresa pediu desculpas aos clientes por mudanças de software que deixavam as versões mais antigas do iPhone mais lentas do que as edições recém-lançadas.