Avião decolando: usuários já poderão ler ou ouvir conteúdos em seus dispositivos durante quase todo o voo (Sara Haj-Hassan)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2013 às 16h31.
Washington/Nova York - Um dos rituais mais impopulares em viagens de avião, desligar dispositivos eletrônicos antes de pousos e decolagens, está chegando ao fim -- com restrições.
Quando e como você terá permissão para usar seu Kindle, da Amazon.com Inc., ou iPhone, da Apple Inc., em voos nos EUA dependerá da companhia aérea pela qual você está voando, o aparelho que você está usando, em que tipo de avião você está e talvez o clima do lado de fora.
As fabricantes de aparelhos, lideradas pela Amazon.com, usuários que querem seguir conectados e membros do Congresso que pressionaram a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) para mudar suas regras, contudo, declararam vitória ontem após o chefe da agência, Michael Huerta, dizer que permitirá que as companhias aéreas solicitem a ampliação do uso de eletrônicos por passageiros.
“Eu vinha esperando, esperando e esperando por essa mudança”, disse o passageiro frequente da Southwest Airlines Co. Nick Skytland, de Houston, sócio da empresa de consultoria de gestão SecondMuse. “Eu acho que essa regra sozinha me fará 50 por cento mais produtivo”.
A FAA inicialmente permitirá que smartphones, tablets e tocadores de MP3 permaneçam ligados todo o voo, incluindo durante as fases de pouso e decolagem, se eles forem mantidos no chamado modo voo, que desliga as conexões celulares.
Os usuários já poderão ler ou ouvir conteúdos em seus dispositivos. Para navegar na Web, baixar conteúdo ou jogar jogos on-line em altitudes abaixo de 10 mil pés, seu voo terá que ser equipado com serviço wi-fi feito para operar durante essas fases. Aparelhos mais pesados terão que ser guardados nesses momentos.
A FAA atualmente proíbe o uso de aparelhos eletrônicos pessoais enquanto um avião está abaixo de 10 mil pés, com a exceção de gravadores portáteis, aparelhos auditivos, marca-passos e barbeadores eletrônicos. As restrições têm o objetivo de evitar interferência com os equipamentos de controle de voo, rádios e navegação.
Ligações e mensagens de texto de telefones celulares seguirão proibidas em qualquer momento durante o voo. Elas são banidas devido a preocupações de que os sinais podem interferir nas conexões com a terra.
Permitir um uso mais amplo de eletrônicos a bordo ajudará a Amazon.com, já que os usuários do Kindle poderão ter mais tempo para comprar e baixar conteúdo, assim como a Qualcomm Inc., que recebeu uma liberação regulatória preliminar em maio para um serviço de banda larga terra-ar.
“Essa é uma grande vitória para os clientes e, francamente, já era hora”, disse Drew Herdener, porta-voz da Amazon.com, em um comunicado por e-mail.
A FAA já recebeu algumas propostas de companhias aéreas e pode emitir aprovações “muito em breve”, disse Kristie Greco, uma porta-voz, em um e-mail, ontem.
A reação do Congresso foi dividida.
“Essas são grandes notícias para o público viajante -- e, francamente, uma vitória do bom senso”, disse o senador Claire McCaskill, um democrata de Missouri, que havia ameaçado forçar mudanças por meio da legislação.
Preocupação com segurança
O senador Jay Rockefeller, o democrata de Virgína Ocidental que tem função de supervisão sobre a aviação como presidente do Comitê do Senado para Comércio, Ciência e Transporte, foi mais cético.
“O acesso a e-mail ou a um filme não valem o comprometimento da segurança de nenhum voo”, disse ele em um comunicado.
A barreira para que as companhias aéreas consigam permissão para expandir o uso de eletrônicos será maior se uma empresa quiser que seus passageiros possam navegar na Internet enquanto os pilotos aterrissam com visibilidade zero, o que requer que eles se orientem por meio de ondas de rádio em vez de verem a pista.
A maioria dos aviões em serviços aéreos já passou por testes que mostraram que eles estão protegidos contra ondas de rádio emitidas por aparelhos, disse Huerta. O novo padrão moderniza regras colocadas em prática nos anos 1960.
“Eu sentia que, como qualquer regulação que exista há muito tempo, o mundo mudou muito nos últimos 50 anos, então vamos dar uma olhada”, disse Huerta, em uma conferência de imprensa no Aeroporto Nacional Reagan, em Washington. “E isso foi o que fizemos”.