Washington - A internet voltou a cair na Coreia do Norte pelo segundo dia consecutivo, nesta terça-feira, de acordo com um grupo de especialistas americanos que monitoram os esforços de Pyongyang de voltar a ficar on-line.
O grupo Dyn Research informou que as quatro redes de internet de que a Coreia do Norte dispõe, todas gerenciadas pela empresa chinesa de comunicações China Unicom, entraram novamente em colapso, às 15h41 GMT (13h41 em Brasília), após apresentarem instabilidade durante horas, e foram, então, restabelecidas.
As conexões haviam voltado ao normal depois de terem sofrido uma interrupção de nove horas e 31 minutos na segunda-feira.
A queda das redes norte-coreanas fez surgir especulações, segundo as quais o isolado regime de Kim Jong-un estaria sofrendo um ataque em massa por parte dos Estados Unidos em represália pelo ciberataque à companhia Sony Pictures.
As causas precisas da falha na Coreia do Norte ainda não foram confirmadas, mas especialistas disseram que o tipo de problema se assemelha ao provocado por um ataque de "negação de serviço".
Washington acusou a Coreia do Norte de estar por trás do roubo de informação digital dos estúdios de Hollywood, e o presidente Barack Obama prometeu responder na mesma proporção.
Na segunda-feira, a Dyn Research explicou que as conexões de internet entre a Coreia do Norte e o restante do mundo - que geralmente são ruins - começaram a sofrer interrupções já no fim de semana.
O governo americano acusa a Coreia do Norte de estar por trás do ataque contra a Sony Pictures, o que Pyongyang nega veementemente.
Em uma entrevista exibida no domingo pelo canal CNN, Obama disse que "não foi um ato de guerra, e sim um ato de 'cibervandalismo', que foi muito caro".
Ao mesmo tempo, prometeu uma resposta "proporcional" ao ataque, sem revelar detalhes.
No Departamento de Estado americano, a porta-voz adjunta Marie Harf afirmou que não estava em condições de comentar as informações sobre os problemas de conexão com a internet na Coreia do Norte.
"Deixo para os norte-coreanos comentar sobre se a Internet funciona, se não funciona e o porquê", desconversou.
"O presidente falou sobre o que poderia ser nossa potencial resposta, de forma separada e independentemente do que temos visto nas últimas 24 horas", disse Marie Harf aos jornalistas.
"A administração Obama examina uma série de opções em resposta ao ciberataque. Entre nossas respostas, algumas serão visíveis, outras não", explicou.
Na segunda-feira, a Coreia do Norte foi alvo de uma enxurrada de críticas na reunião do Conselho de Segurança da ONU.
Durante a primeira reunião do Conselho completamente dedicada à situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, liderou as acusações contra o regime comunista no poder em Pyongyang.
A embaixadora americana se referiu brevemente ao ataque cibernético à Sony Pictures.
"Não satisfeito em negar a liberdade de expressão a seus próprios cidadãos, o regime da Coreia do Norte agora parece estar decidido a impedir que nossa nação usufrua dessa liberdade fundamental", declarou.
Já a China defendeu um diálogo entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte sobre os ataques informáticos, sem comentar, no entanto, a longa interrupção da internet ocorrida em seu vizinho e aliado norte-coreano.
"Tomamos nota das posições expressadas pelos Estados Unidos e pela República Democrática Popular da Coreia (RDPC) nos últimos dias. Esperamos que os Estados Unidos e a RPDC possam se comunicar sobre isso", afirmou a porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores Hua Chunying.
O ciberataque contra a Sony Pictures, o maior desta natureza contra uma empresa americana, segundo o FBI, levou o estúdio a cancelar a estreia da comédia "A Entrevista", uma sátira sobre um complô fictício da CIA para assassinar o dirigente norte-coreano.
A Sony Pictures advertiu que poderá abrir processos contra quem continuar permitindo a difusão do material roubado, a exemplo do Twitter, que tem uma conta com este objetivo (@bikinirobot).
O ataque à Sony foi reivindicado por um grupo autodenominado Guardiões da Paz, que utiliza em inglês a sigla GOP, curiosamente também usada nos Estados Unidos para se referir ao opositor partido Republicano.
Entre as informações roubadas, estão roteiros de filmes, documentos financeiros, contratos de trabalho, dados pessoais de empregados e comunicados internos.
O ataque cibernético e as ameaças posteriores levaram a Sony a cancelar o lançamento do filme por motivos de segurança. Dois cinemas americanos anunciaram, porém, que vão exibir o filme no dia 25.
"A Sony autorizou a projeção de 'A Entrevista' no dia de Natal", escreveu em sua conta no Twitter Tim League, fundador do cinema Álamo de Austin (Texas, sul).
O Plaza Atlanta, da Geórgia (sudeste), também anunciou que fará o mesmo por meio das redes sociais.
*Atualizada às 17h53 do dia 23/12/2014
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1. Excêntrica
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1/14 (Reuters)
São Paulo –Conhecida por manter a sua população isolada do contato com o mundo exterior e pela forma exagerada com a qual cultua os seus líderes, a Coreia do Norte sempre surpreende o mundo com a excentricidade de seus decretos e atitudes. Por exemplo, antes da morte do “querido líder” Kim Jong-il em 2011, o governo proibiu que pessoas fossem registradas com o nome do atual chefe do país, Kim Jong-un, o “líder supremo”. O decreto deixou ainda uma observação: quem já se chamasse assim deveria realizar a troca voluntariamente. Em 2014 não foi diferente. Veja nesta galeria de imagens algumas das coisas inusitadas que a Coreia do Norte fez ao longo do ano.
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2. A vida do “líder supremo” é disciplina obrigatória nas escolas
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2/14 (Reuters)
O currículo escolar ganhou uma nova disciplina obrigatória: a
vida de Kim Jong-un. Segundo informações da imprensa da Coreia do Sul, a matéria será lecionada nos três anos do ensino médio no país. É um mistério a forma como tantas aulas serão preenchidas. Com idade estimada de 31 anos, Jong-un nunca teve os detalhes sobre a sua vida divulgados e não há notícias sobre fatos extraordinários realizados por ele.
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3. Foi lançado um manual de etiqueta para celulares
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3/14 (REUTERS/Jacky Chen)
Uma revista estatal publicou um
manual de etiqueta para que os norte-coreanos usem os celulares de forma adequada. As dicas do manual consideram, por exemplo, que as pessoas não devem falar alto ou discutir assuntos íntimos ao telefone e em público. Para as autoridades do país, este comportamento é “impensado e rude”.
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4. O acesso gratuito de estrangeiros à rede Wi-Fi foi cortado
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4/14 (Reprodução/ Vimeo)
Desde agosto, os estrangeiros na Coreia do Norte perderam o benefício de usar
a rede Wi-Fi gratuita oferecida pelo governo. E a justificativa para tal foi a de que o uso deste tipo de conexão “produz alguns efeitos”. Contudo, de acordo com a revista The Diplomat, a verdadeira razão parece ser o encarecimento dos imóveis localizados próximos aos órgãos que contavam com esta vantagem.
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5. Mr. Bean foi destaque em Festival de Cinema
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5/14 (Kyodo / Reuters)
A 7ª edição do maior
festival de cinema do país aconteceu em setembro e teve como lema “independência, paz e amizade”. Para marcar as festividades, a organização destacou duas importantes produções britânicas: "Mister Bean: O Filme", de 1997, e "Driblando o Destino", comédia de 2002 estrelada por David Beckham.
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6. O regime baniu as vendas do delicioso Choco Pie
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6/14 (Wikimedia Commons)
Como tantas outras populações do planeta, os norte-coreanos também são loucos por doces. Gostam tanto que um suculento bolinho de chocolate recheado com marshmallow chamado “Choco Pie” se tornou uma valiosa moeda no país. Fábricas até pagaram seus funcionários com a guloseima, pois era possível conseguir um bom dinheiro com a venda dela no mercado paralelo. A alegria durou pouco: o regime não gostou da valorização exacerbada de um produto capitalista e
baniu o bolinho do país.
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7. Oficiais ganharam carne e drogas de presente
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7/14 (Divulgação/KCNA)
Em setembro, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul comemoram um feriado similar ao de Ação de Graças nos EUA. No sul, as famílias celebram a colheita e fazem homenagens aos seus ancestrais. Já no norte, informou o jornal britânico
The Guardian, além destas celebrações, os oficiais do alto escalão aproveitam para trocar presentes luxuosos e receber propina. Dentre os itens mais populares em 2014, relatou a publicação, estão carne bovina e metanfetamina, uma poderosa e viciante droga.
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8. Corte ousado no cabelo? Só se for igual ao do líder supremo
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8/14 (AFP)
Até o início do ano, os norte-coreanos contavam com um “amplo” catálogo de cortes de cabelo permitidos pelo governo do país. Em março, contudo, uma portaria passou a exigir que os homens
adotassem o mesmo visual de Kim Jong-un e que mulheres usassem o cabelo tal qual o da primeira-dama Ri Sol-ju. Segundo o site
NK News, muitas pessoas que visitaram o país depois que esta notícia veio à tona relataram não ter notado mudanças nos cortes de cabelo dos locais. Uma fonte ouvida pela publicação informou, contudo, que as regras existem, porém a fiscalização não é rígida.
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9. Por medo do ebola, as fronteiras foram fechadas
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9/14 (Roman Harak/Flickr/Creative Commons)
Apavorada com a epidemia de ebola, a Coreia do Norte fechou as fronteiras do país para a entrada de turistas. Além disso, informou o jornal britânico
The Guardian, foi alertado que os estrangeiros vivendo no país seriam colocados em quarentena, independente de seu país de origem. O ebola aterrorizou a África. Fora do continente, contudo, foram registrados poucos casos nos EUA e na Europa. O exagero da medida foi visto por analistas como mais uma tentativa do regime de tentar amedrontar a população sobre os perigos que existem fora da Coreia do Norte.
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10. Não enviou líderes de torcida aos Jogos Asiáticos por birra
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10/14 (Stephan/Flickr/Creative Commons)
A edição 2014 dos Jogos Asiáticos, que foi realizada na cidade de Incheon (Coreia do Sul) causou um incidente diplomático entre as Coreias. Segundo o jornal
The Wall Street Journal, depois que o governo sul-coreano se negou a bancar a ida dos atletas do norte e seu “staff” para o evento, os norte-coreanos retaliaram e cancelaram a participação de suas líderes de torcida.
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11. Desenvolveu uma bebida energética à base de cogumelos
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11/14 (Reuters)
Um problema de atletas é se recuperar adequadamente depois da prática esportiva. Por isto, cientistas norte-coreanos aproveitaram a abundância de cogumelos no país para desenvolver uma bebida energética. Segundo o jornal britânico
The Guardian, há anos o governo incentiva a inovação com espécies de fungos e até criou um centro de pesquisa. A ideia é a de tornar a Coreia do Norte uma potência mundial produtora de cogumelos.
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12. O país ficou profundamente chateado com o filme “A Entrevista”
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12/14 (Divulgação/A Entrevista/Facebook)
A comédia americana “A Entrevista” conta a história de dois homens que são recrutados pelo governo dos EUA para matar Kim Jong-un. Bem, naturalmente, o enredo causou a
revolta de autoridades do país. Para o governo norte-coreano, o longa é o “terrorismo mais indisfarçável" e, por isto, resolveu registrar uma queixa contra os EUA perante a ONU, classificando o episódio como um “ato de guerra” por parte dos americanos.
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13. Se ofendeu com piada sobre o cabelo de Kim Jong-un
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13/14 (AFP)
Um salão de beleza em Londres teve a ideia de brincar em uma série de anúncios com o visual de autoridades políticas para promover descontos. E em uma das peças zombou o corte do “líder supremo”. A embaixada da Coreia do Norte pediu que o anúncio fosse retirado de circulação, mas não foi atendida. Apelou então para o governo britânico, que confirmou ao site
The Huffington Post ter recebido uma notificação dos norte-coreanos e declarou que avaliaria uma resposta.
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14. Agora veja quais são os países mais corruptos do mundo
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14/14 (Kcna/AFP)