Tecnologia

Chineses criticam o governo em site oficial

Página foi lançada na semana passada e já recebeu milhares de mensagens sobre a corrupção e a falta de liberdade de expressão no país

Nome do site oficial que aceita reclamações dos chineses é `Linha direta com Zhongnanhau´, a sede do poder em Pequim (Philippe Lopez/AFP)

Nome do site oficial que aceita reclamações dos chineses é `Linha direta com Zhongnanhau´, a sede do poder em Pequim (Philippe Lopez/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2010 às 11h15.

Pequim - Em um gesto pouco comum de abertura, o governo chinês acaba de inaugurar uma página na internet que oferece à população a possibilidade de expressar sua opinião sobre o país, uma oportunidade que muitos internautas aproveitaram para criticar o regime.

Desde o lançamento da página virtual semana passada, milhares de mensagens abordaram de forma direta os problemas de liberdade de expressão e de corrupção na China, mas outras mensagens elogiam o Partido Comunista.

"Se vocês se preocupam com as condições de vida da população, então sejam solidários: matem os dirigentes corruptos e os tiranos locais", afirma uma mensagem dirigida ao presidente Hu Jintao.

A página, que tem o nome "Linha direta com Zhongnanhau", a sede do poder no coração de Pequim, oferece uma oportunidade praticamente inédita aos chineses, que dependem do Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista.

A censura, muito ativa na China, proíbe de maneira geral que os internautas expressem opiniões críticas sobre o governo ou mencionem a questão dos direitos humanos. Mas neste caso a regra parece não aplicar-se a muitos comentários.

No entanto, um internauta afirma que a censura segue em vigor na nova página, apesar da pequena abertura. "Camarada Hu, não parece interessante observar que deixaram tantas mensagens e que todas foram harmonizadas? Não pode nos deixar dizer a verdade?", questiona.

Os internautas chineses adotaram como costume utilizar o verbo "harmonizar" como substituto para "censurar", em uma referência irônica aos cortes na internet exercidos pelo poder em nome da "harmonia social".

Mas o assunto que mais parece preocupar os chineses é o aumento dos preços da habitação. Muitos denunciaram os conflitos de interesses de políticos locais corruptos com agentes imobiliários ávidos.

Leia mais notícias sobre a China e sobre internet

Siga as notícias do site EXAME sobre Tecnologia no Twitter

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaGovernoInternet

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes