Tecnologia

Inteligência artificial inventa criptografia sem ajuda de humanos

Redes neurais, desenvolvidas pelo Google, criaram um novo método de criptografia para conversar secretamente

Criptografia: a rede neural Alice enviava mensagens de apenas 16 bits de comprimento para Bob (istock)

Criptografia: a rede neural Alice enviava mensagens de apenas 16 bits de comprimento para Bob (istock)

Marina Demartini

Marina Demartini

Publicado em 2 de novembro de 2016 às 08h00.

Última atualização em 5 de abril de 2017 às 09h29.

São Paulo – Alice tinha uma tarefa simples: conversar com Bob sem que Eve descobrisse. No começo, Alice não conseguia falar com Bob e, ao mesmo tempo, esconder os segredos de Eve. Após milhares de mensagens trocadas, Bob e Alice começaram a se entender, enquanto Eve passou a não compreender metade da conversa.

Alice, Bob e Eve são redes neurais, um tipo de inteligência artificial que imita a distribuição de neurônios em cérebros animais. Elas foram desenvolvidas por Martín Abadi e David G. Andersen, cientistas do Google Brain, o laboratório de deep learning (aprendizado profundo, em inglês) da empresa. O objetivo dos pesquisadores era treinar as inteligências artificiais para que aperfeiçoassem seu poder de comunicação.

Mas, o que Alice, Bob e Eve fizeram foi muito maior do que os cientistas esperavam. Elas criaram sua própria forma de criptografia a partir do machine learning. Em um artigo, disponível online, os pesquisadores explicam que as redes neurais não foram ensinadas a criptografar. Elas simplesmente inventaram uma maneira de manter suas mensagens secretas.

A experiência começou com uma mensagem de texto simples que Alice converteu em uma mensagem ilegível. Depois de 15 mil tentativas, ela inventou uma estratégia de criptografia própria e Bob não demorou para descriptografar. Eve, no entanto, conseguiu decodificar menos da metade das mensagens.

O tamanho da mensagem enviada por Alice era de apenas 16 bits de comprimento, com cada bit sendo o número 1 ou o número zero. Como Eve não foi capaz de adivinhar todos os bits das mensagens, ela provavelmente estava aleatoriamente tentando adivinhar as mensagens trocadas entre as outras duas inteligências artificiais.

Os autores ainda não sabem exatamente como funciona a criptografia criada por seus “pupilos”. Segundo eles, as inteligências artificiais fornecem uma solução, porém não revelam qual caminho foi utilizado para desenvolve-la. Isso significa que métodos de criptografia criados dessa maneira ainda não são muito úteis na prática.

Apesar disso, Abadi e Andersen acreditam que essa nova descoberta pode ser muito útil para desenvolver novas criptografias capazes de proteger ainda melhor as nossas informações.

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