Inteligência artificial: um dos principais temas que deve ser abordado pelas empresas nos próximos anos (MR.Cole_Photographer/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 13 de fevereiro de 2020 às 05h55.
Última atualização em 13 de fevereiro de 2020 às 06h55.
São Paulo - Uma pesquisa realizada pela consultoria americana Accenture e chamada de Technology Vision mapeou as principais tendências tecnológicas para os próximos anos. Realizado com base na resposta de mais de 6 mil executivos de 25 países, o estudo aponta que a inteligência artificial é um dos temas que estará em alta no início da próxima década.
Com um dos pontos intitulado como "Eu e a inteligência artificial: reimaginar os negócios por meio de colaboração humana de IA", a análise é de que as companhias precisam adotar uma nova abordagem para conciliar o uso desta ferramenta digital com os processos humanizados para que homem e máquina trabalhem em conjunto com o máximo de eficiência.
Não é uma missão das mais fáceis. Segundo a pesquisa, apenas 55% dos entrevistados acreditam que os funcionários vão descobrir formas fáceis de lidar com a automação robótica. O restante considera que este ainda é um desafio a ser superado.
Ainda em números, apenas 23% das empresas estão fazendo uso de inteligência artificial aliada com a força de trabalho. Isso deve mudar nos próximos anos. Para 63% dos executivos entrevistados, a expectativa é de que suas empresas passem a utilizar mais técnicas de robótica (munidas com inteligência artificial) em ambientes não controlados.
“A inteligência artificial está transformando a relação entre as pessoas e as máquinas. E o uso desta tecnologia para a automação de processos é apenas uma pequena fração do potencial desta ferramenta”, afirma Michael Biltz, diretor do Accenture Technology Vision, em entrevista para EXAME.
De fato, é um mercado em crescimento e que deve ter seus resultados multiplicados nos próximos anos. Dados do IDC apontam que os gastos globais com técnicas de inteligência artificial devem ser de quase 98 bilhões de dólares em 2023. É mais de duas vezes o valor gasto em 2019, 37,5 bilhões de dólares.
Não é a toa que empresas como o Google, uma gigante avaliada em mais de 1 trilhão de dólares, já admitem que essa pode ser a próxima revolução digital. “A inteligência artificial é uma das coisas mais profundas em que estamos trabalhando como humanidade. É mais profundo do que o fogo ou a eletricidade”, disse o presidente da Alphabet, Sundar Pichai, em entrevista no fim de janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial.
O Google, aliás, faz valer a força de seu negócio no lobby por uma regulamentação do uso da tecnologia. E não está sozinho. CEO da Microsoft, outra gigante do mercado de bits e bytes, Satya Nadella, disse durante Fórum Econômico Mundial que a regulamentação do uso e aplicações de inteligência artificial “é crucial”.
Até mesmo um dos maiores fundos de investimento do planeta está de olho em profissionais que possam lidar com a ferramenta. No começo do mês, o banco japonês Softbank anunciou a criação de um programa para treinar fundadores e funcionários de startups em técnicas de inteligência artificial e mecanismos de ciência de dados.
O estudo da Accenture ainda revela mais alguns pontos de destaque em relação ao uso da tecnologia no setor corporativo. Apenas 24% dos questionados não considera os que os riscos de inovação são altos. Em relação ao mercado, cinco em cada seis executivos entrevistados apostam que as empresas precisam mudar a mentalidade em relação aos clientes e tratá-los como parceiros.