Mestiço: IBM Watson em app para iPhone dá informações sobre a pintura por voz em português a visitantes de exposição na Pinacoteca, em 2017 (Lucas Agrela/Site Exame)
Lucas Agrela
Publicado em 6 de abril de 2017 às 08h00.
Última atualização em 6 de abril de 2017 às 09h58.
São Paulo -- A IBM treinou sua inteligência artificial, chamada Watson, para responder perguntas em português sobre sete obras de arte expostas na Pinacoteca de São Paulo. Com isso, pinturas de Cândido Portinari ou de Tarsila do Amaral ficam mais fáceis de ser compreendidas.
Para a exposição chamada “ A Voz da Arte”, a inteligência artificial da empresa foi colocada em um aplicativo para iPhones que funciona junto a sensores localizados perto de cada quadro ou artigo do museu. Na entrada da exposição, os visitantes recebem um kit para o percurso: um celular com o app já instalado e fones de ouvido com microfone. Com isso, basta chegar perto de uma obra e fazer perguntas sobre ela para ouvir as respostas.
Segundo a IBM, o Watson está preparado para responder a 12 mil variações de perguntas relacionadas a 50 intenções. Ou seja, tanto faz se você perguntar “Que obra é essa?, “Qual é o nome desse quadro?” ou “Como se chama essa obra?”, as questões serão ligadas à intenção relacionada ao nome da obra e a resposta padrão será dada por áudio, em português, com uma voz feminina robótica.
A Voz da Arte - IBM Watson na Pinacoteca pic.twitter.com/aid3CGfFFd
— Lucas Agrela (@Lucas_Agrela) April 5, 2017
Quem já está acostumado a usar assistentes pessoais, como Siri, Google Now ou Cortana, não deve ter problemas para usar o Watson durante a exposição. Tudo é muito simples, basta pressionar um botão virtual no aplicativo, perguntar e ouvir a resposta. A inteligência artificial tem respostas até mesmo para questões como de quem a personagem do quadro Saudade, de Almeida Júnior, parece sentir falta ou o que significam os números em um outdoor na pintura São Paulo, de Tarsila do Amaral.
Em uma demonstração de como a inteligência artificial se diferencia de mecanismos de busca comuns, como Google ou Bing, o Watson conseguiu responder até mesmo a uma pergunta, aparentemente, sem ligação com uma obra de arte. O caso aconteceu com “O Porco”, Nelson Leirner. Se o visitante perguntar se o porco torce para o Palmeiras, ouvirá que a obra não tem a ver com futebol, mas que seu autor é corintiano.
Perguntei ao Watson se a obra "O Porco", de Nelson Leirner, era palmeirense. Eis a resposta: pic.twitter.com/qpNBfX0QoT
— Lucas Agrela (@Lucas_Agrela) April 5, 2017
Na exposição, a Pinacoteca, junto com a IBM, vai oferecer 25 iPhones com o app do Watson na primeira semana e 45 a partir da segunda semana. O preço da entrada é de 6 reais. A temporada vai de 5 de abril a 5 de junho.
Segundo a IBM, quem bancou a tradução do Watson para o português brasileiro foi o Bradesco, que utilizou internamente a inteligência artificial para agilizar seus processos. Depois disso, que ocorreu em 2015, o Banco do Brasil também adotou a tecnologia.
Agora, nesta exposição, o IBM Watson tem pela primeira vez contato com o público em ampla escala. Todas as perguntas feitas pelos visitantes do evento serão analisadas e utilizadas na aprendizagem de máquina do Watson. Com isso, ele poderá aprender por conta própria a ser mais eficiente em suas respostas. Ao final de cada pergunta respondida, o visitante precisa dizer se a resposta foi ou não satisfatória. É com isso que o Watson entende se foi eficaz ou se precisa aprender e melhorar sua resposta.
Como projetos futuros para o Watson, a IBM visualiza um uso semelhante em lojas. Em tese, consumidores em potencial poderiam interagir com a inteligência artificial para saber mais sobre produtos.
Veja a seguir o vídeo de divulgação da exposição “A Voz da Arte”.