Paul Otellini, CEO da Intel: não há tempo para corrigir todos os bugs do Windows 8 (Justin Sullivan/Getty Images)
Maurício Grego
Publicado em 26 de setembro de 2012 às 12h14.
São Paulo — Falta apenas um mês para o lançamento oficial do Windows 8, o novo sistema operacional para PCs e tablets da Microsoft. Mas, para Paul Otellini, CEO da Intel, o software vai ser liberado ainda inacabado e com bugs. Otellini teria dito isso numa convenção da Intel na terça-feira, em Taiwan. Os noticiários Bloomberg e Business Insider dizem ter ouvido a história de pessoas que estiveram presentes no evento.
Apesar do alerta, Otellini parece considerar que não há tempo para aperfeiçoar o Windows 8 e corrigir os bugs. Segundo a Bloomberg, ele disse que a Microsoft está certa em lançá-lo mesmo que esteja um tanto cru. A empresa pode aparar as arestas depois. E é fácil entender o porquê da pressa.
Microsoft e Intel estão praticamente fora do mercado de tablets, já que as vendas atuais de tablets com Windows são desprezíveis. Esse mercado tem crescido explosivamente, enquanto o de PCs está estagnado. No Brasil, por exemplo, o número de tablets vendidos aumentou 275% em um ano. Para as duas empresas, apresentar logo o Windows 8 é a única opção para conquistar uma participação nessa área num futuro próximo.
Além disso, um dos motivos por que os PCs estão encalhando nas lojas é que muitos consumidores estão aguardando o Windows 8 para trocar de computador. É o chamado efeito Osborne, velho conhecido da indústria de eletrônicos (o nome vem da Osborne Computer que, em 1983, faliu depois de anunciar vários PCs portáteis que planejava lançar, fazendo despencar as vendas dos modelos que já estavam nas lojas).
O lançamento do Windows 8, previsto para 25 de outubro (com as vendas começando no dia seguinte) vai permitir que os fabricantes aproveitem a temporada de fim do ano no comércio. Mas a declaração de Otellini dá o que pensar, especialmente porque o Windows tem um histórico que alterna versões bem sucedidas com outras muito criticadas.
O Windows 98 foi um sucesso. Mas a versão seguinte, Windows Me, de 2000, foi apedrejada pelos usuários. Em 2001, veio o Windows XP, que foi muito bem sucedido. Já o Windows Vista estava claramente imaturo quando foi lançado em 2007. A solução só viria em 2010, com o Windows 7, que corrigiu os problemas do Vista. Considerando essa sequência de altos e baixos, surge o temor de que o Windows 8 seja um novo Vista.
Questionada sobre as declarações de Otellini, a Intel não desmentiu o que foi publicado. Ela respondeu aos noticiários americanos Cnet e Business Insider que seus eventos internos são privados e ela não divulga o que é dito neles. Já a Microsoft disse aos dois noticiários que “com 16 milhões de pessoas usando a versão prévia, o Windows 8 é o sistema mais bem testado da história da Microsoft”.
A favor de Steve Ballmer e sua turma, deve-se notar que a Microsoft testa extensamente o Windows antes da liberação final. Versões prévias começaram a ser distribuídas a desenvolvedores um ano atrás. Outras duas versões beta foram liberadas para o público em fevereiro e em junho deste ano.
Esses testes feitos pelos próprios usuários são imprescindíveis em vista da enorme variedade de PCs e tablets em que o sistema vai rodar. A Microsoft não teria como reproduzir tantas situações de uso prático num laboratório. E, mesmo com um ano de testes beta, é praticamente certo que haverá problemas.
O Windows 8 é um sistema totalmente novo. A variedade de aplicativos e dispositivos de hardware (como impressoras, placas de vídeo e interfaces de áudio) no mercado é tão grande que não seria realista achar que ele estará pronto para todos eles. Logo, algumas coisas não vão funcionar. Mas, como observou Otellini, a Microsoft e seus parceiros podem aparar as arestas depois.