dengue (Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2015 às 06h51.
O Instituto Butantan está esperando uma autorização para iniciar em breve a última fase de testes de uma vacina que desenvolveu contra o dengue, que agora será experimentada em 17 mil pessoas após ter sido testada com sucesso em um pequeno grupo de voluntários.
O Butantan informou em comunicado que solicitou nesta sexta-feira (10) autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a terceira e última fase dos experimentos clínicos com humanos.
A fase decisiva prevê experimentos em humanos em grande escala e o Butantan já começou a recrutar 17 mil voluntários nas diferentes regiões do Brasil, dos quais 11 330 serão imunizados com a vacina e o restante receberá um placebo.
O instituto, que simultaneamente testa a segurança e a eficácia da vacina com 300 voluntários - dos quais 175 já foram vacinados -, informou que tem todas as doses necessárias para esta nova fase de desenvolvimento da vacina.
Segundo o instituto, caso seja autorizada pela agência reguladora, a nova fase pode antecipar em dois anos o final dos estudos e permitir que a vacina esteja disponível para a população brasileira já em 2016.
A vacina, testada com sucesso também em laboratório e com animais, foi desenvolvida pelo Instituto Butantan, um centro de estudos médicos vinculado ao governo do estado de São Paulo, e se caracteriza por ser de dose única e tetravalente, ou seja pode protegar a população contra os quatro tipos de dengue (1, 2, 3 e 4).
Segundo o organismo, a antecipação da terceira fase não elimina os outros períodos do estudo nem flexibiliza o rigor e os critérios de segurança exigidos nos experimentos com remédios.
O diretor do Butantan, Jorge Kalil, destacou que, além de oferecer a primeira vacina formada e de eficácia comprovada contra o dengue, o projeto permitirá que o medicamento seja produzido no país e atenda gratuitamente a toda a população.
Atualmente o Butantan tem capacidade para produzir até 500 mil doses da vacina por ano, mas o instituto tem um projeto para construir uma sede capaz de produzir até 60 milhões de doses por ano.
"Estudos realizados nos Estados Unidos com uma vacina semelhante indica que o imunizante biológico desenvolvido pelo Butantan é seguro e potencialmente eficaz. Tudo indica que se trata da melhor e mais eficaz vacina em desenvolvimento no mundo para combater todos os tipos de vírus do dengue", segundo o comunicado do organismo.
Além do Butantan, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos), vinculado ao Ministério da Saúde, está estudando desde 2009 uma nova vacina contra o dengue que desenvolveu em associação com o laboratório privado GSK.
Como ainda não existe vacina contra o dengue, a única ferramenta disponível até agora para prevenir a doença é a eliminação dos focos em que se cria o mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus responsável pela doença.