dart2 (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2015 às 17h03.
Com exceção de alguns games, os apps do Android são baseados no velho conhecido Java. Mas essa dependência do sistema operacional, que também tem a interface feita na linguagem, não deve demorar a diminuir. Um grupo de engenheiros do Google trabalha pelo menos desde 2011 na criação de um substituto, chamado de Dart cuja aplicação no SO, batizada de Sky, foi mostrada recentemente durante um congresso.
A plataforma de programação web tem como foco o desempenho dos aplicativos criados com base no framework demonstrado. Segundo Eric Seidel, o engenheiro que faz a apresentação do vídeo abaixo, um dos principais objetivos que a equipe tem com o sistema é fazer aplicações rápidas e responsivas, que rodam sempre estáveis, sem atrasos na exibição.
Nos padrões atuais e na aplicação demonstrada, que pode ser baixada aqui , isso equivale a 60 Hz (ou 60 frames por segundo) constantes. Porém, a ideia dos desenvolvedores é fazer esse patamar dobrar, chegando a 120 Hz. E o mais interessante: tudo sem os chamados janks, causados por frames que demoram demais a carregar e que não conseguem acompanhar a taxa de atualização (refresh rate) da tela do dispositivo.
Mas como? Segundo o Ars Technica, a API do framework Sky simplesmente não bloqueia a thread principal da UI, ou interface do usuário. Isso significa que a UI continuará rápida e responsiva, mesmo que o aplicativo fique lento, diz a reportagem. No exemplo mostrado, a ideia funciona: os frames eram renderizados a 1.2 ms, bem abaixo dos 8 ms necessários para chegar à marca de 120 Hz. A aplicação, porém, é bem simples, o que ainda deixa dúvidas em relação aos apps mais pesados.
Fora essa suposta agilidade, a linguagem tem como outra particularidade o fato de ser ligada à web, ponto em que remete ao HTML5. Na descrição do Ars, seus apps funcionam um pouco como sites, e a maior parte de seus códigos fica hospedada na rede. Dessa forma, desenvolvedores podem continuar o trabalho nas aplicações e usar o servidor HTTP para enviar as novas informações e atualizações, inclusive de segurança , instaladas assim que a aplicação é reaberta no dispositivo do usuário. Igual a um site.
O lado web da linguagem também significa que ela é agnóstica, e deve rodar em qualquer plataforma que tenha uma máquina virtual Dart. Em uma comparação um pouco forçada, é mais ou menos a mesma história de aplicativos em HTML5 que funcionam em qualquer navegador com suporte. A principal diferença está no fato de que os apps na nova linguagem têm acesso às APIs do sistema, o que aumenta consideravelmente sua integração.
O lado negativo dessa dependência da web é que as aplicações, como a demonstrada pelo engenheiro Seidel, não funcionam offline. É algo que poderia ser resolvido com cache, como a reportagem do Ars ressalta. Mas também não deixa de ser um contratempo.
De qualquer forma, o framework Sky ainda está em fase de testes, e bem no começo dela. Por isso, não há previsão para a chegada de apps na Play Store, além do demonstrado na apresentação. O projeto é de código aberto, e você pode checar os avanços dos engenheiros do Google e até tentar colaborar na página no Github.
Fontes: Ars Technica / Github