Tecnologia

Indústria fonográfica cresceu 17,9% no Brasil em 2017

Dados mostram que a maior adesão a plataformas como Spotify e Deezer fez com que o avanço do streaming no Brasil fosse de 64% ano passado

Mercado fonográfico: graças ao streaming, o mercado fonográfico brasileiro cresceu 17,9% em 2017 na comparação com 2016 (Fey Ilyas via Photopin/Reprodução)

Mercado fonográfico: graças ao streaming, o mercado fonográfico brasileiro cresceu 17,9% em 2017 na comparação com 2016 (Fey Ilyas via Photopin/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2018 às 14h42.

Rio - Graças ao streaming, o mercado fonográfico brasileiro cresceu 17,9% em 2017 na comparação com 2016. Foi um resultado bem superior ao da média mundial - que subiu 8,1%, também na esteira dos serviços de transmissão digital de música.

No caso brasileiro, foi uma recuperação de receitas depois de uma década ruim e de dois anos consecutivos no negativo: em 2016, estas haviam caído 3%; em 2015, 1,7%.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 24, pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) e a Pró-Música Brasil - Produtores Fonográficos Associados, e mostram que a maior adesão a plataformas como Spotify, Apple Music e Deezer fez com que o avanço do streaming no Brasil fosse de 64% ano passado; no mundo (onde os assinantes já somam 176 milhões de pessoas), foi de 41,1%.

Já os CDs seguem em declínio, muito por conta do fechamento das lojas. As vendas físicas tiveram decréscimo na média mundial de 5,4%, enquanto no Brasil, onde o varejo encolheu ainda mais, a queda verificada foi mais de dez vezes maior, de 56%. Os downloads digitais estão virando coisa do passado: a queda no mercado global foi de 20,5% ante 2016; no País, de 31%.

O mercado brasileiro de música gravada passou a ocupar o nono lugar no planeta, segundo a IFPI, depois dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Coreia do Sul, Canadá e Austrália, e à frente da China - os serviços foram descobertos pelos chineses mais tarde, com a abertura para o Ocidente.

A América Latina foi a região com maior crescimento: 17,7%, quando na América do Norte o mercado se expandiu 12,8%, na Ásia/Austrália/Oceania, 5,4%, e na Europa, 4,3%.

O mercado digital nacional já é responsável por 92% do total do faturamento combinado (físico e digital juntos). Os números são de um Brasil que saiu da recessão no primeiro trimestre de 2017. Em 2018, deverão melhorar, acredita Paulo Rosa, presidente da Pró-Música Brasil, levando em consideração a expansão dos smartphones, hoje em 177 milhões de aparelhos (além de 28 milhões de tablets). Ainda há muito espaço para crescimento das plataformas nas regiões mais pobres do Brasil, analisa o mercado.

"O streaming é protagonista e está crescendo de forma consistente. Há dez anos, a gente não tinha a menor ideia de que estaria com essa configuração hoje no mercado. Em 2016, tivemos um recuo de 3% causado por uma pequena variação na execução pública e pelo declínio das vendas físicas", explica Rosa. As receitas totais resultam da soma das vendas digitais e físicas, dos rendimentos advindos de execuções públicas e de direitos de sincronização.

Rosa também aponta que o número de assinaturas de serviços de streaming no Brasil ainda é muito pequeno frente ao potencial dos consumidores. "A expectativa é crescer dois dígitos por alguns anos. O primeiro grande operador, a Apple, começou aqui em 2011, e ainda não era streaming, mas download. O Spotify foi em 2014. É tudo muito recente", ele sublinha.

O fato de as assinaturas terem valores acessíveis deve ajudar na continuidade do boom do streaming. A indústria já sabe também que mesmo na crise o público não deixa de comprar música - as pessoas só escolhem meios mais baratos de consumir o que desejam ouvir.

"O mercado brasileiro pode e vai crescer ainda mais, esta é a sua vocação. O acesso fácil aos serviços de assinatura, que são 90% do crescimento no streaming, transformou a pirataria em algo inútil e em desuso acelerado", avalia Marcelo Castello Branco, diretor da União Brasileira de Compositores (UBC) e ex-executivo de gravadoras.

Ele lembra que o crescimento ainda está muito concentrado no Sudeste do Brasil e tende a se alargar pelo Norte e o Nordeste. "Podemos voltar ao quinto ou sexto lugar no mundo em poucos anos, consagrando a nova música brasileira, já adepta do jogo digital e de suas métricas, e ter novos alcances globais. Existe toda uma nova geração de artistas que já nasceu vivendo e aprendendo a jogar o jogo digital".

O top 10 do streaming no País tem apenas um estrangeiro - o primeiro colocado é o britânico Ed Sheeran, com a chiclete The shape of you. Em seguida na lista vêm Alok (Hear me now), Henrique & Juliano (Vidinha de balada), Matheus & Kauan (Te assumi pro Brasil) e Anitta e Pabllo Vittar (Sua cara).

No rol dos 20 primeiros, Anitta aparece com cinco músicas - além de Sua cara, estão Você partiu meu coração, com Nego do Borel e Wesley Safadão, Loka, com Simone e Simaria, e Paradinha. Simone e Simaria, com três (as outras foram Raspão e Regime fechado). Pabllo, com duas (a outra foi K.O.), assim como Wesley Safadão (entrou também Ar condicionado no 15).

Acompanhe tudo sobre:DeezerIndústria da músicaMúsicaSpotify

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes