Tecnologia

Huawei prevê 5G comercial em larga escala já em 2023

Empresa destinou US$ 600 milhões à pesquisa e ao desenvolvimento da nova geração das telecomunicações móveis


	Huawei: empresa projeta que as primeiras redes pré-comerciais entrem em operação ainda em 2020
 (AFP/ Joe Klamar)

Huawei: empresa projeta que as primeiras redes pré-comerciais entrem em operação ainda em 2020 (AFP/ Joe Klamar)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2015 às 11h26.

Xangai - Com investimentos de US$ 600 milhões destinados à pesquisa e ao desenvolvimento do que será a nova geração das telecomunicações móveis, o 5G, a Huawei projeta que as primeiras redes pré-comerciais entrem em operação ainda em 2020, apenas dois anos depois da previsão de estabelecimento do padrão.

Quem faz a projeção é o cientista da Huawei, membro do IEEE e pesquisador no Canada Research Center, Dr. Weng Tong, que também participou da padronização do UMTS (3G) e do 4G.

"Os ciclos de inovação estão acelerando. O GSM levou 12 anos desde a sua padronização à implementação em larga escala; o 3G levou nove anos; o 4G, cinco; e possivelmente o 5G levará ainda menos que isso, podendo ser implementado comercialmente em nível global talvez já a partir de 2023", estima o cientista, que conversou com jornalistas no centro de pesquisa e desenvolvimento wireless da Huawei, em Xangai.

Dr. Tong aponta alguns fatores que subsidiam sua estimativa: todos os fabricantes de equipamentos e terminais já estão empenhados no desenvolvimento do 5G, com perspectiva de haver as primeiras especificações do novo padrão a partir de 2016.

Mas mais do que isso, também as operadoras de telefonia móvel apoiam unanimemente a ideia – algo que não ocorreu com outras tecnologias no passado.

"No 3G ou mesmo no 4G as operadoras sempre ficavam reticentes, achavam que ainda era cedo para investir em nova tecnologia, mas está mais claro do que nunca que tudo no futuro será móvel e conectado. Hoje temos cerca de 6 bilhões de pessoas no planeta conectadas, com penetração de 20% de smartphones no mundo. Mas estamos projetando 100 bilhões de dispositivos conectados em 2025, tudo terá chips, medidores e sensores nas casas, nos carros, na indústria. E não consigo imaginar outra coisa para conectar tudo isso sem ser o 5G", diz.

"E isso porque nem estou falando de mercadorias de consumo. Aí o número sobe para a casa de um trilhão de coisas conectadas", completa.

O mundo da Internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) demandará uma rede estável, confiável, com alta capacidade de transmissão de dados e baixa latência, e a promessa do 5G é de abrigar mil vezes mais capacidade do que as redes atuais de 4G, com velocidades de até 10 Gbps por usuário e latências extremamente baixas, "quase instantâneas".

Arquitetura

As novas redes de 5G exigirão uma arquitetura distribuída, baseada em small cells e agregação de portadoras, combinando mais de uma faixa de frequência (como acontece hoje com o LTE-Advanced), inclusive bandas ultra-altas acima de 70 GHz, para atender à necessidade de grandes velocidades, aliando ainda big data e computação em nuvem.

"Vamos substituir a Internet por real time video e, até 2030, metade da rede das operadoras já vai operar sem a intervenção humana, com métodos de predição e automatização para controlar sensores e medidores", prevê o cientista chinês.

Como em gerações anteriores de telefonia móvel, permanecem os desafios técnicos de aumentar a eficiência espectral (já que se trata de um bem escasso) e de conseguir ampliar o número de sites com nodes de small cells, além da harmonização de frequências em nível global para gerar economia de escala.

E aqui vale notar a importância da arquitetura de small cells: a tecnologia de transmissão de dados via rádio celular não conseguiria atingir a velocidade prevista de 10 Gbps por usuário para o 5G.

Assim, o que os pesquisadores estão trabalhando é em uma tecnologia que funcionaria como os rádios ponto a ponto, usadas, por exemplo, para links de backhaul de operadoras móveis ou acesso corporativo.

O problema, explica o Dr. Tong, é que essa tecnologia exige linha de visada, ou seja, uma linha direta sem obstáculos entre o aparelho do usuário e a estação radiobase. "Não podemos prever quando um obstáculo entrará entre o usuário e a antena. Então, o que estamos desenvolvendo é uma tecnologia de 'bouncing', que rebata entre as várias small cells da área em que o usuário esteja para que ele sempre tenha a conexão direta com alguma antena", explica.

E enquanto o 5G toma forma, os cientistas já começaram a desenvolver também a teoria do que seria o 6G. "Ainda é tecnologia pura, mas junto com a neurociência estamos prevendo dispositivos conectados com capacidade de processamento similar ao do cérebro humano, mas infinitamente mais veloz, e isso abre um mundo de possibilidades".

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