Mulheres: estudo revelaram que os homens ficaram menos interessados em namorar e interagir com uma mulher mais inteligente (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2015 às 20h18.
São Paulo - Estudos acadêmicos podem ser fascinantes... e totalmente confusos. Por isso decidimos destrinchar todos os jargões científicos e explicá-los para você.
Os antecedentes
No geral, a maioria das pessoas gosta da ideia de ter um namorado ou namorada de “encher os olhos”. Não é melhor encontrar alguém mais atraente, mais bem-sucedido e mais inteligente do que você (que já é uma pessoa maravilhosa)?
Depende. Para os homens, a ideia de estar com alguém mais inteligente do que eles pode ser um banho de água fria.
Uma nova pesquisa revela que a capacidade analítica é estereotipadamente vista como uma qualidade masculina, e ser competente e competitivo são qualidades particularmente importantes para os homens, portanto, a inteligência feminina pode ser considerada uma ameaça para heterossexuais em busca de uma potencial parceira.
Um estudo de 2006 revelou que homens em ambientes de speed dating — encontros rápidos para solteiros comuns nos Estados Unidos em que que várias pessoas sentam em uma mesa, frente a frente, e tem alguns minutos para conversar — consideravam a inteligência como um fator de atração, exceto se a parceira demonstrasse ser mais inteligente do que eles.
É difícil definir o grau de generalização dessas conclusões, mas elas fazem pensar: mesmo se um homem disser que gostaria de sair com uma mulher inteligente, ele de fato se sentiria atraído se ela estivesse na frente dele?
Pesquisadores da Universidade de Buffalo, no estado de Nova York, da Universidade Luterana da Califórnia e da Universidade do Texas exploraram essa questão em um novo estudo.
Durante as pesquisas preliminares, 86% dos homens disseram que se sentiriam confortáveis em sair com alguém mais inteligente do que eles. Em uma série de seis experimentos, os pesquisadores colocaram essas afirmações à prova.
O teste
Na primeira versão do estudo, os pesquisadores fizeram com que 105 estudantes universitários do sexo masculino lessem uma informação hipotética, na qual uma mulher havia tirado uma nota mais alta do que a deles em um teste, e depois pediram que eles avaliassem o quão romanticamente desejável seria essa mulher.
No segundo estudo, 151 universitários fizeram um teste de inteligência, e depois foram perguntados se gostariam de encontrar a mulher que se encontrava na sala ao lado, que havia tirado uma nota mais alta ou mais baixa do que a deles.
Ambos os estudos revelaram que os homens só se interessaram em encontrar, ou mesmo namorar, uma mulher mais inteligente do que eles em uma situação hipotética.
Nas duas versões seguintes do estudo, os homens interagiram com uma mulher (que estava colaborando com os pesquisadores) que havia tirado uma nota maior ou menor em um teste de inteligência realizado por eles.
Depois que os participantes encontraram a mulher, fizeram o teste sentados ao lado dela, ouviram as notas em voz alta e, em seguida, foi pedido que os homens colocassem suas cadeiras em frente à cadeira da mulher.
Tanto os homens quanto a mulher responderam a uma pesquisa sobre suas primeiras impressões — especificamente, até que ponto acharam o outro atraente e desejável.
Os pesquisadores observaram a distância entre as duas cadeiras como uma medida para saber o quão atraído o homem estava pela mulher.
Homens que foram colocados ao lado da mulher que tirou uma nota mais alta do que a deles no teste de inteligência sentiram necessidade de se distanciar fisicamente dela quando moveram as cadeiras.
Também ficaram mais inclinados a classificá-la como menos atraente e desejável para um namoro do que homens que interagiram com uma mulher que tirou uma nota mais baixa do que a deles.
Os últimos dois experimentos mostraram mais nuances sobre a maneira pela qual os homens avaliam sua própria masculinidade.
Na quinta versão do estudo, os homens receberam a informação de que havia uma mulher na sala ao lado, ou se sentaram frente a frente com uma mulher (novamente, que estava trabalhando para os pesquisadores).
Os participantes e a mulher compartilharam informações básicas como nome, se estavam ou não em um relacionamento, idade e nível de escolaridade.
Fizeram um teste lado a lado e ouviram suas notas em voz alta. Os homens receberam a informação de que a mulher havia tirado uma nota mais alta ou mais baixa, independentemente do desempenho deles.
No final, os participantes responderam a uma pesquisa que media o quanto se identificavam com várias qualidades masculinas estereotipadas e quão interessados estavam na mulher em termos românticos.
A sexta e última versão do estudo repetiu o procedimento do quinto experimento, mas os homens viram a mulher por alguns minutos no começo do estudo (embora não tivessem interagido com ela).
As descobertas
As últimas duas versões do estudo revelaram que os homens ficaram menos interessados em namorar e interagir com uma mulher mais inteligente quando ela ficou frente a frente com eles.
No entanto, no quinto estudo, quando ela estava “psicologicamente distante” (supostamente na sala ao lado), não houve diferença no desejo dos homens em namorar ou interagir com ela, independentemente da nota obtida pela mulher no teste em comparação com a deles.
Na verdade, os homens que nunca viram a mulher mostraram uma “tendência marginal” de querer interagir com uma mulher que era hipoteticamente mais inteligente.
No geral, os homens estavam dispostos a sair com uma mulher mais inteligente do que eles quando ainda não haviam encontrado com ela, mas não se mostraram tão animados com uma mulher inteligente de verdade, ao vivo, encarando-os frente a frente.
Os homens também se sentiram menos masculinos quando colocados ao lado de uma mulher mais inteligente, do que numa situação na qual nunca haviam visto a mulher mais inteligente mencionada.
A conclusão
O estudo ajuda a compreender por que se relacionar é tão complicado: nem sempre sabemos o que queremos, mesmo quando pensamos que sabemos. Esse fator é apenas um exemplo particularmente desanimador.
Parece que, mesmo quando os homens dizem que gostariam de sair com uma mulher mais inteligente, quando a coisa é para valer, eles não parecem tão atraídos por mulheres que ameaçam sua própria inteligência.
Assim como os pesquisadores mencionaram, os resultados sugerem que existem “condições sob as quais preocupações autoprotetoras podem ofuscar as qualidades de parceiras que pareciam desejáveis a distância”.
Traduzindo: homens que se afastam de mulheres inteligentes podem apenas estar protegendo seus frágeis egos masculinos.
Claro que essas conclusões não querem dizer que todos ou mesmo a maioria dos homens se sentem ameaçados por mulheres inteligentes.
Este estudo apenas acrescenta mais um dado a décadas de literatura sobre a dinâmica de gênero, a qual sugere que, no geral, há muitas complicações relacionadas à confiança e poder embrulhadas na atração heterossexual.
Mais estudos são necessários antes que sejam comprovadas quaisquer implicações práticas.
Enquanto isso, não seria uma má ideia se homens que se sentem ameaçados fizessem um exame de consciência e pensassem por que se sentem intimidados por mulheres inteligentes.