Tecnologia

Homem fabrica a própria mão biônica sde baixo custo com impressora 3D

O projeto é um dos dez finalistas do concurso Google Impact Challenge

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Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2015 às 08h01.

Nicolas Huchet, um francês de 32 anos que aos 19 perdeu a mão direita trabalhando como mecânico em uma fábrica, transformou sua incapacidade em motor de inovação e empreendimento, e agora fabrica próteses biônicas de baixo orçamento a partir de uma impressora 3D.

"Não quero vender mãos biônicas, quero construir minha mão e participar da reparação do meu corpo, mas também da minha autoestima. O mais importante é o equilíbrio mental", explicou Huchet em entrevista à Agência Efe.

Seu projeto é um dos dez finalistas do concurso Google Impact Challenge, que no próximo dia 8 premiará uma dessas iniciativas com um financiamento de 500 mil euros.

Ele se chama My Human Kit e, mais que um conceito tecnologicamente revolucionário, quer provocar uma mudança social: pretende fazer com que qualquer pessoa sem um membro possa fabricar sua própria prótese graças ao conhecimento partilhado gratuitamente por outras pessoas na mesma situação.

"Sozinhos não somos quase nada", declarou Huchet, que alterna o uso de uma mão mecânica "de pinça" paga pela Seguridade Social francesa com seu protótipo laranja, que terá mobilidade em cada um dos dedos e será cada vez mais "robusto, resistente, impermeável, rápido e preciso".

O dispositivo se chamará Bionicohand e "deve custar de 1.000 a 1.500 euros", ante os 65 mil euros em média das versões comerciais.

Antes de seduzir o Google, sua iniciativa já tinha chamado a atenção do prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT) americano, que no primeiro semestre o selecionou entre os dez jovens mais inovadores da França.

"Foi uma surpresa. Não sou engenheiro e não conheço muito o MIT. Sou músico e conheço Manu Chao, Gilberto Gil... O tom do MIT estava na inovação social, na forma de olhar a incapacidade de uma maneira diferente e de reagir", comentou Huchet, que se inspira na "utopia" de uma saúde universal e gratuita.

Sua história, relata, é a de um menino bretão que "não sabia muito bem o que fazer com sua vida" e que gostava de trabalhos manuais. Assim chegou à fábrica na qual perdeu a mão em um acidente em 2002, o que o motivou a se formar como projetista mecânico e, mais tarde, como técnico de som.

"Após um acidente deste tipo, você se pergunta muitas coisas. E que tal a vida? E agora, o que fazer? Por que eu e o que vou fazer? É muito difícil para a autoestima e para a confiança pessoal. Custa reconstruir o aspecto psicológico", comentou.

O governo francês lhe deu uma mão robótica, com um mecanismo de pinça e aparência real. Até que, em 2012, em um centro de reabilitação, ele aprendeu a se servir com uma mão mioelétrica: uma nova geração de prótese "com a qual se pode movimentar todos os dedos".

Mas a Seguridade Social francesa não financia as modernas mãos mioelétricas ou biônicas, que custam entre 30 mil e 100 mil euros.

"Por uma coincidência, descobri o mundo dos 'fablabs', que são laboratórios de fabricação digital abertos a todos. Quando vi uma impressora 3D pela primeira vez, me parecia uma máquina do futuro e perguntei se poderia fazer uma mão biônica. Me disseram: 'Sim, por que não? Não sabemos como fazê-lo, mas podemos tentar'", disse.

Em troca, nesse centro experimental e participativo de Rennes, no noroeste da França, ele ouviu que teria que compartilhar sua pesquisa para que outros também pudessem fazer suas próprias mãos.

"Que bom, que bom' - pensou - porque vão me ajudar e eu vou ajudar outras pessoas'. Assim descobri o mundo do código aberto, o 'open source", lembrou Huchet, que se sente um privilegiado por se beneficiar do avançado sistema de saúde francês.

"Mas e na Bolívia, na Argentina, no Equador, na África do Sul?... Com uma mão biônica 'opensource', podemos imaginar que no futuro uma pessoa que precise de uma mão biônica poderá ir a um 'fablab' para construir sua prótese", resumiu.

A mão postiça é só o começo, já que o objetivo dele é "criar um 'handylab', ou seja, um laboratório dedicado à reparação do corpo para pessoas com incapacidade".

"Podemos sobreviver e ajudar pessoas. Não vamos mudar o mundo, mas podemos participar", concluiu Huchet.

 

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