Os estúdios de Hollywood vão ser deixados para trás por empresas como Netflix porque não conseguem adotar a internet, de acordo com o homem acusado da maior violação de direitos autorais cinematográficos na história dos EUA.
“Se Hollywood tivesse algumas pessoas inteligentes trabalhando para eles, é provável que eles tivessem a maior empresa de internet do planeta”, disse Kim Dotcom, que está enfrentando um pedido de extradição da Nova Zelândia para os EUA, em uma entrevista à Bloomberg Television em sua mansão em Auckland.
“Ao invés disso, são empresas como Apple e Netflix que estão aproveitando a deixa e esta oportunidade de monetizar o poder da internet. Eles perderam completamente essa chance”.
O governo dos EUA está acusando Dotcom de ter realizado pirataria, lavagem de dinheiro, crime organizado e fraude eletrônica por meio do seu site de compartilhamento de arquivos Megaupload.com, que foi fechado depois de uma batida policial na casa dele em 2012.
O empreendedor alemão, que poderá enfrentar até 88 anos de prisão nos EUA se for extraditado e condenado, disse que fez todo o possível para evitar que piratas usassem seu site e que ele não deveria ser responsabilizado pelas ações deles.
Os estúdios, que em outro processo civil alegam que Dotcom facilitou, incentivou e lucrou com a violação maciça de direitos autorais, estão atacando-o por ignorância e por medo da nova tecnologia, disse ele.
“É como o fabricante de velas que não gostou quando a lâmpada apareceu”.
Hollywood estimula a pirataria por lançar um filme em um país e estreá-lo aos poucos nos outros, ao longo de vários meses, disse Dotcom. “Como as pessoas não têm esse acesso, elas buscam os filmes em outros lugares. Então, esse é um problema gerado pelos criadores de conteúdo, eu não sou responsável por isso”.
Site de filmes
Se os filmes estivessem disponíveis mundialmente a um preço justo em qualquer aparelho, “a pirataria diminuiria a ponto de se tornar insignificante”, disse ele.
Os estúdios também seriam mais lucrativos se combinassem seus catálogos e oferecessem todos os conteúdos pela internet.
“O catálogo inteiro, tudinho, a uma tarifa mensal, para que todos acessassem em qualquer lugar do mundo e que funcionasse em todos os aparelhos”, disse Dotcom. “Eles seriam o maior sucesso da história na internet. Todo mundo adoraria um serviço como esse, todo mundo usaria.
O problema, disse ele, é o modelo de negócios antiquado que os estúdios usam, em que eles financiam a produção de um filme com a pré-venda dos direitos de distribuição a distintos detentores da licença em distintos países. Empresas como Netflix estão criando conteúdos sem essa questão de licenciamento e estão disponibilizando-os mundialmente”, disse ele.
Elas “vão acabar tomando o lugar desses dinossauros de Hollywood”, disse Dotcom. “Hollywood perdeu essa oportunidade e ficou presa no passado”.
Fuzis de assalto
Depois da visita surpresa à mansão em janeiro de 2012, que envolveu dois helicópteros e policiais armados com fuzis de assalto e sprays de gás, Dotcom foi indiciado em Virginia pelo que os procuradores consideram o maior caso de violação de direitos autorais na história dos EUA.
Eles alegam que Megaupload, que outrora foi responsável por 4 por cento do tráfego da internet, gerou mais de US$ 175 milhões em lucros ilícitos em troca de filmes, músicas e arquivos piratas.
Os estúdios 20th Century Fox, Disney, Paramount, Universal, Columbia Pictures e Warner Brothers estão buscando mais de US$ 100 milhões no processo civil.
A audiência de extradição de Dotcom foi adiada diversas vezes em meio às batalhas jurídicas em andamento e poderia levar dez anos ou mais para se resolver, disse ele.
Nos três anos e meio desde que foi preso, Dotcom lançou um novo site chamado Mega e fundou um partido político que defende a liberdade e a privacidade na internet.
Ele fez amizade com Edward Snowden e Julian Assange para revelar as supostas atividades de espionagem da Nova Zelândia e tentar constranger o primeiro-ministro John Key. Seu Partido Internet não conseguiu conquistar nenhuma cadeira no parlamento na eleição do ano passado.
O próximo projeto dele é criar uma internet alternativa chamada “MegaNet”, disse Dotcom.
“É uma internet totalmente administrada pelas pessoas para as pessoas”, disse ele. “É algo lindo”.
-
1. Será que resiste?
zoom_out_map
1/21 (Lionel Bonaventure/AFP)
São Paulo - Reunir 20 coisas que a internet está ajudando a enterrar de vez parecer ser uma tarefa fácil. Mas não é. É difícil saber o que não irá resistir a a internet e as transformações que ela provoca. Entretanto, nos arriscamos aqui a elencar algumas coisas que, se não desaparecerem, vão ter que se reinventar para continuarem existindo.
-
2. Cartas
zoom_out_map
2/21 (Hulton Archive/Getty Images)
Hoje em dia, só se envia cartas em situações raríssimas. Após séculos, esta forma de comunicação foi substituída por WhatsApp, e-mails e outras formas de comunicação, que usam a internet para chegarem a seus destinatários.
-
3. CDs
zoom_out_map
3/21 (Stock Exchange)
Os CDs têm sido uma das maiores vítimas da internet, que permitiu novas formas de acesso à música - como o download e o streaming. Hoje, as gravadoras estão brigando com o YouTube e comprar um CD se tornou algo cada vez mais raro.
-
4. Enciclopédias de papel
zoom_out_map
4/21 (Getty Images)
Quem ainda usa enciclopédias de papel com frequência? Importante fonte de referência no passado, elas foram substituídas por sites como Google e Wikepedia na corrida pelo conhecimento. Alguns casos são emblemáticos - como a Britânica, que, em 2012, deixou de ser impressa após 244 anos de existência.
-
5. Discussões de bar
zoom_out_map
5/21 (FERNANDO FRAZAO/VEJA RIO)
Uma das coisas que a internet vem matando são as intermináveis discussões de mesa de bar. Perguntas como "A Lady Gaga é homem?" e "Como curar um coração partido?" dariam pano para manga em outros tempos - mas hoje estão entre as mais procuradas no Google.
-
6. Esquecimento
zoom_out_map
6/21 (Philippe Huguen/AFP)
O espanhol Mario Costeja acionou o Google no Tribunal de Justiça da União Europeia. O motivo: a empresa estaria interferindo no seu direito ao esquecimento. Na era da internet, o esquecimento está mesmo se tornando um recurso cada vez mais escasso.
-
7. O mistério da medicina
zoom_out_map
7/21 (AFP)
De acordo com o Urban Dictionary, Dr. Google é o termo usado para qualificar uma "pessoa que usa o Google para diagnosticar sintomas de doença". Como se vê, o mistério em torno do conhecimento dos médicos pode estar sendo ameaçado pela praticidade oferecida pela internet.
-
8. Privacidade
zoom_out_map
8/21 (TAMIRES KOPP / INFO EXAME)
Aconteceu em março em Rio Claro (SP). A Justiça determinou que a prefeitura local pagasse a dois empregados uma indenização por danos morais. O motivo foi a violação de mensagens eletrônicas trocadas entre eles em horário de trabalho. Este é apenas um exemplo dos problemas envolvendo privacidade e internet, cada vez mais comuns.
-
9. Comparação de preços
zoom_out_map
9/21 (Nacho Doce / Reuters)
Ir de loja em loja comparando os preços de um produto é hoje um trabalho desnecessário. Tudo isso graças à internet, que por meio de sites como Buscapé, fez com que esta tarefa se tornasse bem mais fácil.
-
10. Fanzines
zoom_out_map
10/21 (Domínio Público)
Durante muito tempo, as fanzines foram um dos carros-chefes de quem se dizia "independente" e acreditava ter algo a dizer. Hoje, as revistinhas fotocopiadas que eram distribuídas de mão em mão deram lugar aos blogs - alcançando assim um número muito maior de pessoas graças à internet.
-
11. Memória
zoom_out_map
11/21 (Artem Chernyshevych / SXC)
Ao mesmo tempo em que destrói o esquecimento, a internet também está acabando com a memória. Um estudo realizado nos EUA apontou que o acesso fácil à informação reduziu nossa capacidade de armazenar dados. "Quando se deparam com questões difíceis, as pessoas tendem a pensar em computadores", afirma o artigo.
-
12. Locadoras de vídeo
zoom_out_map
12/21 (Victor J. Blue/Bloomberg)
No passado, alugar um filme numa locadora era quase um ritual. Havia até atendentes especializados, que indicavam a melhor opção de acordo com o gosto do cliente. Hoje em dia, isso é cada vez mais raro. Em serviços como YouTube e Netflix, filmografias inteiras estão disponíveis para quem quiser assistir. E não faltam sites para repletos de referências na internet.
-
13. Fax
zoom_out_map
13/21 (Domínio Público)
Num futuro próximo, ninguém mais saberá o que foi um fax. Revolucionário em seu tempo, o aparelho permitia que uma cópia idêntica de determinada mensagem fosse produzida por outro aparelho do mesmo tipo a quilômetros de distância. Hoje em dia, uma foto de um documento enviada via internet produz o mesmo resultado.
-
14. Loja de games
zoom_out_map
14/21 (Divulgação)
Assim como alugar filmes já foi uma aventura, comprar games também não era muito diferente. Na década de 1990, vários jovens ainda juntavam moedinhas para comprar o cartucho que permitiria bons momentos de diversão. Com a popularização da internet e o surgimento de serviços como Xbox Live, isso se tornou coisa do passado.
-
15. Lista telefônica
zoom_out_map
15/21 (Stock.xchng)
Calhamaços de páginas amareladas nas quais constavam todos os telefones da cidade. Assim eram as listas telefônicas, que por muito tempo ajudaram as pessoas a saber o número exato para entrar em contato com alguém. Com a internet, isso perdeu completamente o sentido - já que sempre é possível dar uma "googlada" para descobrir qualquer telefone.
-
16. Rádios
zoom_out_map
16/21 (Getty Images)
Recém-chegado ao Brasil, o Spotify é mais um serviço online que oferece ao usuário a possibilidade de ouvir música. Até pouco tempo, esse era o papel das rádios - que devem continuar existindo, mas vêm perdendo espaço e importância. Em 2012, um levantamento feito na Inglaterra mostrou que 30% da audiência das rádios no país vinham da internet.
-
17. Burocracia
zoom_out_map
17/21 (Divulgação)
Dentro de um ano e meio, o Ministério do Trabalho e Emprego pretende lançar o eSocial. O site funcionará como uma folha de pagamento digital e mostra que a internet (mesmo que muito lentamente...) pode estar ajudando a matar a burocracia no Brasil.
-
18. Concentração
zoom_out_map
18/21 (Justin Sullivan/Getty Images)
Cem pessoas participaram de um estudo realizado na Inglaterra em 2010, que apontou que a internet pode estar reduzindo a capacidade de concentração das novas gerações. Por serem mais dispersos, os mais jovens deram respostas menos consistentes a uma série de perguntas propostas pelos cientistas, as quais poderiam ser respondidas após consultas à internet.
-
19. Empresas de internet
zoom_out_map
19/21 (lfelton/Freeimages)
Desde que se popularizou, a internet cria e devora empresas que atuam nela mesma. Quem aí se lembra de GeoCities, Tiscali e outras vítimas da bolha da internet, que explodiu no ano 2000? Há quem diga que estamos passando agora por um fenômeno parecido, com empresas como LinkedIn e Facebook vendendo ações na bolsa. Se vai dar certo no longuíssimo prazo, só o tempo irá dizer. Os milionários e bilionários criados por essas empresas atestam que sim, é claro. Mas a história joga contra.
-
20. Ócio
zoom_out_map
20/21 (Ryan McVay / Getty Images)
A "inatividade de espírito" que é uma das definições do ócio também está se perdendo com a internet. Afinal, todo mundo que tem qualquer tempo livre aproveitando para conferindo seus perfis nas redes sociais e lendo as últimas notícias aqui em EXAME.com.
-
21. Agora, saiba quais são as vítimas dos smartphones
zoom_out_map
21/21 (Jerome Favre/Bloomberg)