O Highlight mostra pessoas fisicamente próximas que têm interesses e contatos em comum com o usuário (Reprodução)
Maurício Grego
Publicado em 24 de março de 2012 às 07h00.
São Paulo — Você chega a um restaurante, um parque, uma festa ou um evento de negócios. Avisos começam a pular na tela do iPhone avisando que há pessoas por perto que têm interesses e amigos em comum com você. Essa é a ideia básica do Highlight, a rede social que funciona com base na localização, como o Foursquare, mas que encoraja as pessoas a interagirem no mundo real.
Por enquanto, o Highlight está disponível apenas na forma de aplicativo para o iPhone. Para entrar nele, o usuário usa suas credenciais do Facebook. Assim, o app tem acesso à lista de contatos e aos dados pessoais armazenados na rede social. Quando o Highlight localiza alguém com características afins nas proximidades, ele informa quais contatos e interesses essa pessoa compartilha com o usuário.
Pode-se, então, mandar uma mensagem à pessoa. Isso pode funcionar como uma versão modernizada dos velhos torpedos em papeizinhos. Também é possível dar um highlight, o que põe a pessoa numa lista de favoritos. Como essa lista é visível para outros usuários, ela também funciona como uma espécie de recomendação daquela pessoa. Pode-se, ainda, ver a localização das pessoas num mapa, algo útil se o objetivo for encontrar alguém num espaço maior, como um parque.
O Highlight foi a sensação do último festival South by Southwest, que aconteceu na semana passada em Austin, no Texas. Há uma variedade de apps parecidos com ele – com nomes como Sonar, Glancee e Banjo – mas nenhum atraiu tanta atenção. Além de servir para paquera, ele pode facilitar contatos profissionais em eventos e ajudar pessoas que já se conhecem a se identificar num local público.
Fome de energia
Há duas reclamações que têm sido feitas sobre o Highlight. A primeira é que drena energia rapidamente da bateria do iPhone. O problema é real, já que o app mantém o GPS ligado, e esse dispositivo é notoriamente faminto por energia. A própria Math Camp – a pequena empresa de São Francisco, na Califórnia, que criou o aplicativo – reconhece isso.
A empresa diz que está buscando soluções para o problema e que o consumo de energia deve melhorar nas próximas atualizações. Há uma opção de colocar o Highlight em pausa nos ajustes do aplicativo. Isso desliga o GPS temporariamente e deixa o usuário invisível para os demais. Mas, assim, que o app é acionado novamente, o GPS volta a funcionar.
Cadê a privacidade?
Além disso, há quem veja, no Highlight, um atentado à privacidade. Há apenas duas opções para configurar a divulgação dos dados pessoais. A primeira deixa o prefil da pessoa visível para todos. A segunda libera o acesso apenas a amigos dos amigos. Quem usa o Highlight se expõe, é claro. Mas, obviamente, a exposição é voluntária.
Outra questão é que o aplicativo envia dados ao servidor da Math Camp, que vai acumulando informações sobre os locais onde o usuário esteve e as pessoas com quem ele interagiu. Numa entrevista ao site Mashable, Paul Davison, CEO da Math Camp, defendeu-se dizendo que a empresa foi cuidadosa ao elaborar sua política de privacidade, especificando o que ela pode e o que não pode fazer com os dados. “Nossa prioridade é conquistar a confiança do usuário. Somos conservadores nessa questão”, disse.
Mesmo assim, não é difícil imaginar que, algum dia, o Highlight poderá ser usado para o envio de publicidade com base na localização. O usuário poderá receber uma mensagem como “Já que você está na avenida Paulista, aproveite para conhecer o restaurante La Fourchette”. É um tipo de publicidade que, se não for previamente consentida, pode incomodar.