Distribuição da Coronavac no bairro de Pinheiros, em São Paulo: Brasil começa hoje vacinação de grupos prioritários (ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/Agência Estado)
AFP
Publicado em 18 de janeiro de 2021 às 09h34.
Última atualização em 18 de janeiro de 2021 às 09h47.
O herdeiro da Samsung, Lee Jae-yong, foi condenado nesta segunda-feira (18), em Seul, a dois anos e meio de prisão por um caso de corrupção, deixando a gigante de tecnologia sul-coreana sem seu principal dirigente.
Oficialmente, Lee Jae-yong é o vice-presidente da Samsung Electronics, fabricante líder mundial de smartphones e chips de memória.
Na realidade, porém, foi ele que assumiu a liderança do conglomerado desde que seu pai, Lee Kun-hee, o arquiteto da decolagem global do grupo, renunciou por problemas de saúde. O patriarca faleceu em outubro.
A Samsung é, de longe, o maior dos "chaebols", os impérios industriais familiares que dominam a 12ª maior economia do mundo.
Seu faturamento global representa um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul e é crucial para a saúde econômica do país.
Sujeito a um novo julgamento no caso que provocou o impeachment e prisão da ex-presidente Park Geun-hye em 2017, Lee Jae-yong foi condenado por corrupção e por malversação de fundos.
Em sua decisão, o Tribunal Distrital Central de Seul concluiu que ele "pagou subornos voluntariamente e pediu à presidente que usasse seu poder para facilitar sua sucessão tranquila" à frente do conglomerado.
"É muito lamentável que a Samsung, a maior empresa do país e líder mundial em inovação, esteja repetidamente envolvida em crimes cada vez que o poder político muda", acrescentou a Justiça.
O advogado da defesa, Lee In-jae, disse à imprensa, por sua vez, que "este é, essencialmente, um caso em que a liberdade e os direitos de propriedade de uma empresa foram violados pelo abuso de poder por parte da ex-presidente".
"Dada a natureza do caso, considero a decisão do tribunal lamentável", acrescentou.
O executivo de 52 anos se recusou a responder às perguntas dos jornalistas quando chegou livre ao tribunal. Depois que o veredicto foi anunciado, ele foi imediatamente levado sob custódia.
"É realmente um grande golpe, uma grande crise para a Samsung", comentou Kim Dae-jong, professor da Universidade Sejong.
Lee foi condenado pela primeira vez em 2017 a cinco anos de prisão por corrupção, malversação de fundos e outros crimes.
No julgamento de apelação, a maioria das acusações de corrupção foi rejeitada, e Lee recebeu uma sentença de prisão sob sursis. Posteriormente, o Supremo Tribunal ordenou um novo julgamento.
O caso envolvia milhões de dólares que o grupo pagou a Choi Soon-sil, a confidente nas sombras da presidente.
Os subornos foram supostamente destinados a facilitar a transição de poder para o chefe do conglomerado, quando Lee Kun-hee estava acamado após um ataque cardíaco em 2014.
Na última quinta-feira, o Supremo Tribunal confirmou definitivamente a pena de 20 anos de prisão para a ex-presidente Park.
Esse escândalo voltou a destacar os vínculos preocupantes entre o governo sul-coreano e as grandes famílias que controlam os "chaebols", os conglomerados por trás da prodigiosa recuperação do país após a Guerra da Coreia.
Em maio de 2020, o herdeiro se desculpou publicamente na mídia, em particular pelo polêmico processo de sucessão que lhe permitiu assumir a liderança do grupo fundado por seu avô Lee Byung-chull.
Lee Jae-yong havia até prometido que seria o último na linha de sucessão familiar e que seus filhos não herdariam a companhia.
Seu pai e avô também tiveram problemas com a lei, mas nenhum deles cumpriu pena de prisão.
Há dez dias, a Samsung Electronics anunciou que espera um aumento de 25% no lucro operacional no quarto trimestre, impulsionado pela demanda muito alta por chips resultante do boom do teletrabalho no contexto da pandemia de coronavírus.