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'Hacktivistas' e 'ciberguerreiros', os novos rostos do caos na Internet

WikiLeaks e ataques virtuais aos reatores iranianos iniciaram nova era na ciberguerra, acreditam especialistas

WikiLeaks: grupo fez ataques em apoio ao site de Julian Assange (Reprodução)

WikiLeaks: grupo fez ataques em apoio ao site de Julian Assange (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2011 às 15h38.

Paris - Com ataques do tipo Stuxnet ou o aparecimento do dossiê Wikileaks, a Internet viu, em 2010, emergir "hacktivistas" com motivações ideológicas ou políticas, não mais financeiras, junto com "ciberguerreiros" prontos a disseminar o caos, e cujas ações deverão se intensificar a partir daí.

Foi uma mudança radical o aparecimento desses "hacktivistas" (contração de "hacker" - pirata da informática - e "ativista", militante).

"Há dez anos, assistimos ao nascimento dos cibervândalos que penetravam nos sistemas de informação para jogar com o que encontrassem. Assistimos, hoje, à eclosão de novas ameaças sob a forma de ciberterrorismo", resumiiu Eugene Kaspersky, presidente da sociedade de segurança em informática Kaspersky Lab, numa análise recente.

"Já não são mais rapazes brincando na garagem de casa, mas grupos profissionais e organizados", acrescentou François Paget, da McAfee.

Uma primeira onda foi observada em 2005 com o aparecimento de uma cibercriminalidade, "com motivações puramente financeiras: um negócio gordo de vários bilhões de dólares" como, por exemplo, a negociação de dados bancários roubados e outras ações fraudulentas, exemplificou Laurent Heslault da Symantec, uma outra empresa de segurança.

No caso Wikileaks, piratas em informática do grupo "Anonymous" realizaram ataques ao site dos cartões de crédito, porque Visa e Mastercard romperam as ligações de negócio com o site que divulgou documentos secretos da diplomacia americana. Foi uma forma de anunciar seu apoio ao fundador do Wikileaks, Julian Assange.

Outro exemplo de cibermilitância: em maio, após o ataque de Israel a uma flotilha de ajuda humanitária destinada a Gaza, simpatizantes palestinos entraram em sites israelenses e piratearam contas do Facebook para protestar contra a operação.

Já os ataques de ciberespionagem ou de cibersabotagem "são realizados, às vezes, com a aprovação ou sob a direção de um Estado autoritário ou corrompido", comentou François Paget para a AFP. Citou o exemplo, há um ano, de uma pirataria do Google, "apontada para a China".

Mas a operação que mais marcou os espíritos em 2010 é o caso Stuxnet, nome de um vírus que tocou, no outono europeu, infraestruturas sensíveis, em particular no Irã. Ele se propagava através do Windows e tinha como alvo mais particularmente o conjunto de instalações do Irã que utiliza o sistema de controle da Siemens.

"Quem esteve por trás disso? Não temos nenhuma ideia, mas por que não o Greenpeace? Israel? ou o próprio Irã?", questionou por sua vez Laurent Heslault, para quem há "claramente um +antes+ e um +pós+ Stuxnet: é uma arma de cibersabotagem".

Em 2011, "o objetivo dos criadores de programas desse tipo e organizadores de ataques será claramente a obtenção de informações e a luta para conseguir influência", previu Jean-Philippe Bichard, analista da Kaspersky Lab.

No futuro, "ciberguerra, ciberguerrilha ou ciberterrorismo, terá uma finalidade política, acompanhada às vezes de ataques a infraestruturas básicas para provocar o caos", considerou Laurent Heslault.

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