Operadores do mercado financeiro: é a primeira vez que procuradores dos EUA apresentam denúncia criminal com valores mobiliários envolvendo dados roubados por hackers (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2015 às 20h24.
Nova York - Uma aliança entre operadores do mercado acionário, principalmente norte-americanos, e hackers da Ucrânia gerou lucros ilegais de até 100 milhões de dólares durante cinco anos, com o roubo de comunicados confidenciais de empresas à imprensa, disseram autoridades dos EUA nesta terça-feira.
Esta é a primeira vez que procuradores norte-americanos apresentam denúncia criminal por esquema fraudulento com valores mobiliários envolvendo informações confidenciais roubadas por hackers.
Neste caso, foram violados 150 mil comunicados de imprensa distribuídos pelos serviços Business Wire, MarketWired e PR Newswire.
"Esta é a história de um esquema de fraudes de valores mobiliários tradicional com uma diferença - um que emprega uma abordagem contemporânea para um crime convencional", disse o diretor assistente encarregado do FBI Diego Rodriguez, em entrevista coletiva. Promotores disseram que hackers baseados na Ucrânia acessavam comunicados para a imprensa antes de serem divulgados pelas empresas distribuidoras.
Os operadores faziam "listas de compras" de comunicados para os hackers. Nove pessoas foram indiciadas pela justiça no Brooklyn, em Nova York, e de Newark, em Nova Jersey, com acusações de que fizeram 30 milhões de dólares em lucros ilegais desde fevereiro de 2010.
Cinco indiciados foram presos nesta terça-feira, e a justiça emitiu mandados internacionais de prisão para os quatro restantes.
Separadamente, uma ação civil da Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regular dos mercados mobiliários dos EUA, indiciou 17 pessoas e 15 entidades empresariais e disse que o roubo de informação sigilosa gerou em mais de 100 milhões de dólares em lucros ilegais.
"Este caso ilustra como os criminosos cibernéticos e aqueles que cometem fraude com valores mobiliários estão evoluindo e se tornando mais sofisticados", disse Paul Fishman, procurador dos EUA para New Jersey, em conferência de imprensa.
Fishman disse que as empresas distribuidoras, que não foram acusados de qualquer delito, estão contribuindo com as investigações.