Sede da AIEA: a autenticidade do material -- postado no mesmo site da declaração de domingo -- não pôde ser imediatamente verificada (Joe Klamar/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2012 às 14h10.
Hackers anti-Israel, que a agência nuclear da ONU acusou esta semana de publicarem dados online roubados de um de seus servidores, afirmaram em um novo comunicado que haviam divulgado material confidencial obtido da agência.
A declaração foi publicada em um site horas depois de o chefe nuclear da ONU, Yukiya Amano, ter dito na quinta-feira que não acredita que informações nucleares sensíveis de "salvaguardas" haviam sido comprometidas.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), cuja missão é impedir a disseminação de armas nucleares no mundo e que está investigando as atividades nucleares iranianas, não quis comentar a nova declaração nesta sexta-feira.
Os hackers publicaram em um site no domingo listas de endereços de email de especialistas que trabalham com a agência da ONU, e pediram que a AIEA investigasse a atividade nuclear de Israel.
Na quinta-feira, Amano disse que isso era "profundamente lamentável", mas expressou confiança de que nenhuma informação sensível sobre inspeções nucleares da agência havia sido roubada. Ele informou que a invasão aconteceu há alguns meses.
A nova declaração dos hackers, em nome de Parastoo (que em persa significa andorinha, uma espécie de ave, e também pode ser o nome de uma menina), disse que o grupo estava agora publicando mais dados online "para provar a nossa capacidade de ter acesso a informações altamente confidenciais".
Isto incluiu "documentos confidenciais, imagens de satélite, cartas oficiais, apresentações", disse o comunicado datado de 29 de novembro, com links para o que afirma ser tal informação.
A autenticidade do material -- postado no mesmo site da declaração de domingo -- não pôde ser imediatamente verificada.
"Não é óbvio para mim ao olhar para as imagens de satélite que as imagens contêm dados sensíveis e confidenciais da AIEA", disse o especialista nuclear Mark Hibbs, do instituto Carnegie Endowment.
Jeffrey Lewis, do norte-americano Centro James Martin para Estudos de Não-Proliferação, sugeriu que os dados hackeados continham informações relacionadas à utilização pacífica da energia nuclear, em vez de informações confidenciais sobre as inspeções da AIEA.
"Hackear a AIEA e interferir com os esforços para utilização de energia nuclear para fins pacíficos não nos leva mais perto de um mundo em que Israel assine o TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear)", disse Lewis em um blog.
Os peritos cujos endereços de e-mail foram hackeados não têm nada a ver com "salvaguardas, armas nucleares ou Israel", acrescentou ele.
"Salvaguardas" significam atividades realizadas por inspetores da AIEA ao examinar as atividades nucleares dos Estados-membros, incluindo do Irã, para ter certeza que nenhum material atômico é desviado para fins militares. Essa informação é vista como segredo.